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Daniel Caron/Gazeta do Povo
Daniel Caron/Gazeta do Povo| Foto:

Não param de aumentar os números de ataques sexuais em coletivos, com masturbadores agressivos esfregando-se nas mulheres e frequentemente sujando-as com sua semente, coisa que seria inimaginável poucas décadas atrás. A origem deste asqueroso fenômeno é provavelmente o aumento brutal da acessibilidade da pornografia. Afinal, o viciado em pornografia perde completamente a noção de como funciona o mecanismo de corte a uma moça, e trata as mulheres como bonecas de carne, como sucedâneos da própria mão. Quando o viciado é uma pessoa em outros aspectos mentalmente saudável já é ruim o suficiente: a dificuldade extrema da juventude atual em construir relações a dois que não sejam baseadas apenas em sexo o prova. Quando, contudo, o viciado em pornografia já tem um parafusinho a mais solto, é um pequeno passo passar do devaneio ao ataque físico às mulheres que – coisa que não entende – não se atropelam para servi-lo sexualmente como máquinas vivas de prazer.

Mas os problemas se amontoam e crescem mais ainda. Não foram dois nem dez os relatos que chegaram a mim de mulheres atacadas em coletivos sem que absolutamente ninguém fizesse nada. Não se levanta um cavalheiro para ajudá-las, ninguém impede que os tarados continuem a masturbar-se em público, ninguém sequer tenta proteger suas vítimas ou conter o tarado até a chegada da polícia. De onde vem tamanha falta de cavalheirismo? Onde foi parar o sentido de dever dos rapazes, o saudável senso de que a força física que Deus lhes deu deve ser posta a serviço de quem dela necessita? Uma mulher normal é, via de regra, mais fraca fisicamente que um homem. Um tarado em pé se esfregando no ombro de uma moça sentada num coletivo será para ela uma figura gigantesca, que a coloca numa situação desesperadora; ela sabe que não tem força para afastá-lo, ela sabe que ele pode machucá-la tão facilmente quanto pode sujá-la. Mas ninguém se levanta, ninguém se mexe. As pessoas olham para o chão, desviam a atenção de volta para os celulares, fingem que não veem.

Uma ex-aluna minha comentou outro dia que não sai de casa sem um estilete afiado, para se defender quando necessário. Quando, não se. Ela passou a fazê-lo depois de ter sido surrada por ladrões em plena rua movimentada, sem que ninguém movesse uma palha para ajudá-la. Eu vi seu rosto deformado pelos hematomas, e meu sangue ferveu. É vergonhoso que a sociedade tenha chegado a este ponto. É vergonhoso que esses rapazes cheios de músculos hipertrofiados ao ponto do ridículo não respeitem nem às moças nem a eles mesmos, ao negar-lhes o seu necessário auxílio. É vergonhoso que, quando alguém se levanta para defender uma moça, seja mais frequentemente um senhor de cabeça branca ou outra mulher.

Parte da culpa está no discurso feminista, que fez muita gente se convencer, falsamente, de que “a mulher precisa do homem tanto quanto um peixe precisa de uma bicicleta”. É uma mentira cabeluda; a mulher e o homem precisam um do outro, e um dos aspectos em que esta necessidade é evidente é justamente quando se faz necessário defender de outro homem uma mulher. O homem é o lobo do homem, mas o homem deve ser o protetor da mulher. Afinal, lobo devora lobo. Infelizmente, contudo, a preponderância desse discurso idiota faz com que muitas mulheres recusem a ajuda masculina… a não ser quando ela é urgentemente necessária. Mas aí já é tarde demais; é como o menino que gritava lobo, mas ao contrário. A mulher viciada pelo feminismo ofende o homem que tenta agir cavalheirescamente tantas e tantas vezes que ele acaba, por cavalheirismo, preferindo afastar-se dela e deixá-la sem auxílio.

Este afastamento, todavia, tem que ter limites. Uma mulher sendo surrada por ladrões, ou mesmo sendo importunada por um tarado é algo que deveria despertar os instintos cavalheirescos de qualquer homem digno deste nome. “Com licença; ele a está incomodando?” é uma frase que não pode deixar de fazer parte do repertório de qualquer rapaz. Eu mesmo, quando era jovem e forte, já a disse muito, e já livrei assim muitas moças de importunações que, em nível de nojeira e violência, nem chegavam aos pés das que lhes são feitas hoje.

É urgente que o cavalheirismo seja cultivado pelos rapazes. Sem ele, não há sociedade.

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