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Guerra na Ucrânia
Socorristas ucranianos buscam sobreviventes em Chasiv Yar, no Leste da Ucrânia.| Foto: EFE/EPA

Em geopolítica, sempre digo, não há anjos. O que se tem é sempre a mesma triste exposição do pior da natureza humana em ação, com interesses particulares passando por cima de qualquer consideração ou decência. Quando tudo dá errado, ou seja, quando não se consegue alcançar por via política o saque ou exploração do outro, entra o que Clausewitz chamava de “continuação da política por outros meios”: a guerra. E – como tive a infelicidade de prever neste mesmo espaço – é guerra que hoje temos. Como também infelizmente tive razão em apontar, uma guerra sem sentido e de resultado definido antes mesmo de começar, em que a população civil serve de bucha de canhão para os joguinhos dos poderosos. Passados já alguns meses do seu início podemos tampar o nariz, segurar as lágrimas e ver como andam as coisas na Europa Oriental.

A pobre Ucrânia não é, a despeito da propaganda americana, apenas uma pobre vítima. Sua situação é muito pior: ela é o cabo de guerra de uma disputa insana e absolutamente desnecessária, com, de um lado, a Rússia apoderando-se de território manu militari e, de outro, o próprio governo ucraniano entregando à morte no atacado os cidadãos que deveria proteger, para benefício único e exclusivo dos EUA. A causa imediata da guerra, bem como a razão pela qual continua o morticínio, é o desejo americano de controle absoluto sobre o núcleo duro do que lhe resta de vassalos: a Europa Ocidental. Mais exatamente o desejo de impedir que o gasoduto Nordstream 2, construído para levar gás natural russo à Alemanha, entrasse em funcionamento e atraísse, assim, a União Europeia para a esfera comercial eurasiana. Para fim tão tacanho e estúpido morreram e morrem milhares, dezenas e centenas de milhares de pessoas inocentes que deveriam estar crescendo, aprimorando-se, estudando, trabalhando. Advindo do mesmo desejo de controle absoluto, mas em prazo mais longo e ritmo que foi aumentando na medida da decadência do poderio americano, há o projeto igualmente desnecessário e insano de manter a Rússia como “inimiga de plantão” para justificar a movimentação da indústria armamentista americana e – crucial no caso – aumentar a Otan para leste, contrariando a promessa feita a Gorbachev quando do fim da União Soviética.

Tudo, todo tipo de provocação foi feita para levar a Rússia à ação militar direta. Após oito anos de ataques de artilharia contra a população civil das províncias separatistas de fala russa a que o próprio governo ucraniano havia prometido autonomia no Acordo de Minsk, intermediado pela França e Alemanha, a gota d’água que levou Putin a cair na armadilha e assim perder a razão foi a preparação final ucraniana para a tomada definitiva dos territórios em conflito, evidenciada pela colocação do exército ucraniano no entorno dos territórios russófonos, somada a um tremendo e súbito aumento da barragem de artilharia. A cereja do bolo foi a declaração do presidente ucraniano de que pretendia construir armas nucleares. Como a Ucrânia estava com a Rússia no coração político e industrial da União Soviética, tendo inclusive sido naturais da Ucrânia quase todos os governantes soviéticos, sua capacidade de produzir armamento nuclear é incontestável. Da decisão à bomba e quiçá a meios de atirá-la em Moscou seria curto o tempo; os resquícios de indústria soviética que tenham sobrevivido ao desmanche da Ucrânia pelos aproveitadores (ditos “oligarcas” hoje) nas últimas décadas certamente bastariam.

Todo tipo de provocação foi feita para levar a Rússia à ação militar direta

Os russos, todavia, recusaram-se a crer na hostilidade da maioria da população não russófona da Ucrânia – que, lembro, é composta de vários povos, com várias línguas. Para esta população, os nativos da Ucrânia que governaram a União Soviética eram na verdade russos, por serem em sua maior parte de fala russa e não ucraniana (ou, em menor medida, húngara, polaca etc.). O crescimento das milícias nazistas na Ucrânia, ao contrário do que imaginaram os russos, não foi provocado artificialmente pelos EUA. Ao contrário, até: tratava-se de uma busca nativista de um modelo não russo, ou mesmo antirrusso, de uma identidade que representasse a mais firme rejeição de tudo o que é russo. Ela foi encontrada na figura de Stepan Andriyovych Bandera, cuja milícia ultranacionalista veio a participar da tropa nazista de voluntários ucranianos Divisão SS Galícia. Aliás, a razão da facilidade com que os nazistas conseguiram montar uma divisão de 30 mil homens, podendo escolher dentre mais de 80 mil voluntários, foi o ódio antirrusso. Eles não lutavam pela Alemanha, sim contra a Rússia e pela Ucrânia. A mesma razão persiste e explica o espantoso crescimento em número de membros e em poder das milícias banderistas de hoje; nenhum ucraniano poderia esquecer o Holodomor – o genocídio deliberado de ucranianos pela fome, perpetrado pela União Soviética – e os horrores do domínio soviético ao longo do século passado.

Aliás, um ponto comum da Europa Oriental, vergonhosamente entregue por Churchill e Roosevelt às garras de Stálin, é o justificado ódio antirrusso. Enquanto os russos se creem “irmãos mais velhos” dos demais povos eslavos, estes (com a exceção dos sérvios) percebem os russos como monstros imperialistas dedicados a destruir pela russificação as demais culturas eslavas. A União Soviética, para os russos de hoje, é tida por opressora comum de todos os eslavos e demais europeus do oriente. Já para os demais povos europeus orientais, ucranianos inclusive, ela foi apenas mais uma manifestação do rolo compressor russo. Um czarismo piorado, por assim dizer.

Putin e seus generais acreditaram na própria fantasia nacional, fechando completamente os olhos à percepção extremamente negativa que a Europa Oriental, com razão, tem da Rússia. Eles desejavam apenas acabar com os problemas criados pelas provocações atiçadas e pagas pelos EUA, que usaram os avisos russos de que isso ou aquilo seria inadmissível como pontos de rota. Mesmo assim, na ilusão de serem amados “irmãos mais velhos”, acreditavam os russos que seriam recebidos com flores ao entrar para “desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia”, seus objetivos declarados. Incapazes de perceber o horror que tropas russas causam a qualquer europeu oriental, os russos – de Putin ao último soldado raso – achavam que as milícias nazistas existiriam apenas por esforço dos EUA e seus vassalos, e desapareceriam como a bruma da manhã assim que os russos chegassem para “libertar” os “irmãozinhos” ucranianos, sem perceber que era exatamente o contrário: elas são frutos diretos do ódio antirrusso generalizado, e os EUA simplesmente aproveitaram o que já estava lá.

Dirigiram-se, assim, tropas russas imediatamente para a capital, Kiev, onde realmente acreditaram que seriam recebidos como libertadores. Há até boatos de que as tropas da linha de frente não teriam levado munição suficiente para uma batalha, preferindo usar o espaço para uniformes de desfile. Eles achavam que bastaria bater à porta para desfilar em parada pelas avenidas de Kiev como libertadores, recebendo flores de belas camponesas. A desilusão há de ter sido amarga, mas na prática isso não faz diferença alguma. Além de uma linha que avançou para Kiev e, surpreendida pelo fato de encontrar resistência, ficou parada ao longo da estrada sem ter o que fazer, desde o início da invasão russa outras tropas se dirigiram às áreas separatistas onde se concentrava o exército ucraniano e puseram-se a cercá-lo.

Nada disso era necessário, e nada disso faz sentido algum. As áreas russófonas a que o governo ucraniano negou a autonomia prometida e que tentou subjugar estão dentro das fronteiras da Ucrânia – como ocorreu também por curtíssimo período com a Crimeia – por motivos de política interna da União Soviética. Ao negar-lhes a autonomia prometida, o governo ucraniano estava provocando a Rússia a serviço dos EUA e colocando-se na péssima posição de boi de piranha. Aos EUA interessa a guerra; à Ucrânia não. De que serve manter submissa pela força uma população que não quer ficar sob o controle de um dado Estado, com o qual não há sequer a língua em comum?!

Mas o fato é que os russos, após o susto inicial de perceberem-se detestados, deram de ombros, deixaram Kiev para lá e dedicaram-se a continuar o que os levou à ação militar, ou seja, desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia. O resultado é que, como o grosso do exército ucraniano estava na divisa com as áreas separatistas, ele foi cercado, dividido e está sendo metodicamente destruído. Do mesmo modo, o grosso das milícias nazistas estava em outras áreas russófonas que não haviam declarado intuito separatista, mas cuja russofilia era percebida pelo governo ucraniano como razão de preocupação. O Batalhão Azov em Mariupol é um claro exemplo disso. O resultado é que as tropas russas passaram a avançar no sentido de controlar todas as áreas russófonas, somando a antiga Nova Rússia (atual costa sul da Ucrânia) às áreas fronteiriças do leste ucraniano, chacinando metodicamente os milicianos. Quando da rendição dos milicianos em Mariupol, seus captores russos mandaram com que todos se desnudassem e os examinaram em busca de tatuagens: qualquer suástica ou coisa parecida (sol negro, runas SS etc.) valeu ao miliciano uma viagem só de ida para um tribunal especial. Provavelmente em situações menos públicas a farsa jurídica há de ser deixada de lado.

Ao negar às áreas russófonas a autonomia prometida, o governo ucraniano estava provocando a Rússia a serviço dos EUA e colocando-se na péssima posição de boi de piranha. Aos EUA interessa a guerra; à Ucrânia não

Piorando ainda mais a situação, os EUA e o seu triste pau-mandado Zelensky – que agora usa apenas camisas de mangas curtas em tom de verde-escuro, no papel de intemerato guerreiro – dedicam-se agora a fazer a guerra durar mais e mais. A população inocente da Ucrânia está servindo de bucha de canhão numa guerra completamente desnecessária, que vem sendo mais e mais prolongada pela própria maneira escolhida para tocá-la. Como na piada da galinha que convida o porco para uma lanchonete especializada em ovos cozidos com bacon, os americanos e seus vassalos entram com as armas e os ucranianos, com os cadáveres.

Contra o Golias de um exército moderno – ainda por cima combatendo ao lado de casa –, só o que um Davi pode fazer com sucesso é a guerra de guerrilha. Foi assim que os próprios americanos foram expulsos de vários países que ocuparam ou cujos governos tentaram “sustentar” pela ocupação, do Vietnã ao Afeganistão. Mesmo sabendo disso por experiência própria, no entanto, a decisão americana foi fazer da Ucrânia terreno para uma guerra convencional, que a Ucrânia simplesmente não tem como vencer, mas que o apoio dos EUA e de seus vassalos podem garantir que dure mais e mais, para regozijo da indústria armamentista americana. O plano original era desgastar o exército russo na Ucrânia enquanto se desestabilizava sua retaguarda com sanções; deste fracasso específico trataremos a seguir. O que se tem agora, contudo, é um simples morticínio que garante à Ucrânia a perda não apenas dos territórios separatistas, mas também de toda a costa sul, e torna cada vez mais provável a perda de enorme fatia de território do oeste do país para a Polônia, com talvez ainda um naco indo para a Hungria. Além, claro, da morte certa de todos os ucranianos em idade militar que não tenham conseguido fugir a tempo.

Como já havia na prática uma guerra entre o exército ucraniano e as forças armadas separatistas, enorme parcela da população masculina jovem da Ucrânia já aproveitara a facilidade de ingresso na Europa para exilar-se e evitar a conscrição. Assim que invasão russa começou, contudo, para garantir o suprimento de cadáveres ucranianos, sua parte no acordo com os EUA, o ator-em-chefe de Kiev proibiu a saída do país de qualquer homem em idade militar. Após a derrota (logo, a morte ou o aprisionamento) do grosso do exército no leste, a conscrição em massa fez com que se orgulhe hoje o governo ucraniano de ainda dispor de cerca de 1 milhão de soldados. Soldados sem treinamento, num exército desestruturado, com linhas de suprimento longuíssimas à mercê da artilharia e da aviação russa, mas os EUA continuam fazendo a parte deles e mandando farto armamento de guerra convencional para manter o moedor de carne humana em funcionamento.

No plano geopolítico maior, a situação também é trágica. No começo da semana, alegando a necessidade de efetuar reparos no gasoduto Nordstream 1 e a recusa canadense de enviar peças necessárias, a Rússia cortou completamente o fornecimento de gás à Alemanha, que já havia diminuído substancialmente. A previsão é que o abastecimento seja retomado semana que vem, mas se o será de fato e em que medida não há como saber. A Europa Ocidental, proibida pelos EUA de comprar diretamente combustíveis russos para geração de eletricidade, já estava pagando muitíssimo mais pelos mesmos combustíveis russos comprados através da intermediação indiana e turca. Buscando recuperar parte de sua capacidade energética, os governos europeus estão ainda tentando importar combustíveis africanos, sem muito êxito. Os louváveis planos de “energia verde” ficaram para trás, e a Europa está sendo forçada a religar as extremamente poluentes usinas termelétricas a carvão. Carvão russo, comprado de intermediários a preço de ouro. Mesmo assim, é provável que com a chegada do inverno a maior parte da Europa Ocidental tenha de desligar a energia dos parques industriais para manter aquecida e alimentada a população.

O aumento brutal do preço internacional dos combustíveis causado pela súbita demanda europeia fez com que a Rússia tenha passado a obter lucros muitíssimo maiores vendendo quantidades menores de combustível. A moeda russa ganhou uma estabilidade e uma valorização inauditas, possibilitando atrelá-la ao ouro e a uma cesta de commodities. É a primeira vez desde Bretton Woods que uma moeda retorna a algo semelhante ao padrão-ouro, aliás.

Ao mesmo tempo, num dos maiores tiros no próprio pé da história, os EUA não apenas expulsaram do sistema do dólar um dos maiores produtores mundiais de matérias-primas e combustíveis como, ao mesmo tempo, apoderaram-se ilegalmente das reservas monetárias russas denominadas em dólar e euro. É bem verdade que já haviam sido roubadas as reservas de vários países fracos e indefesos – Venezuela, Afeganistão, Líbia... –, mas fazê-lo com um país grande eliminou completamente a confiança no sistema do dólar, que só se mantinha por ser julgado confiável. Previsivelmente para quem conheça o mínimo do mínimo de economia, o dólar virou uma batata-quente de que todos estão tentando se livrar, despejando-os aos magotes de volta nos EUA e com isso levando para lá a inflação que os EUA sempre haviam podido exportar, no que Giscard d’Estaing definira como um “privilégio exorbitante”. O petrodólar, claro, simplesmente acabou. O presidente americano acabou tendo de ir ter pessoalmente de chapéu na mão com o psicopata-em-chefe saudita, que vinha se recusando a atender seus telefonemas. Os países que não são vassalos dos EUA (ou seja, todo mundo que não a Europa Ocidental, os outros quatro Anglos, o Japão e a Coreia do Sul), por outro lado, vendo-se libertos do sistema do dólar, passaram a ter oportunidades comerciais magníficas, em prejuízo dos EUA. Nosso próprio bolsopresidente acaba de firmar um acordo para a importação de óleo diesel russo, explicando que, a despeito de não haver necessidade real, o preço está tão bom que vale a pena.

O dólar virou uma batata-quente de que todos estão tentando se livrar, despejando-os aos magotes de volta nos EUA e com isso levando para lá a inflação que os EUA sempre haviam podido exportar

Mas, quando algo não funciona, o erro mais comum é que se faça mais do mesmo. E é o que estão fazendo os EUA e seus comandados da Otan, que acabam de decidir aumentar ainda mais as provocações à Rússia, agora estacionando um contingente americano de 300 mil militares na fronteira da Rússia, além de convidar para a Otan a Finlândia, dotada de fronteira imensa e indefensável com a mesma Rússia, além de pressionar a Suíça para que abandone sua tradicional neutralidade política.

Para piorar mais um pouquinho, mesmo a Rússia e a China tendo se declarado “mais que aliadas, irmãs” pouco antes da invasão da Ucrânia, os EUA vêm aumentando as provocações à China, inclusive estacionando tropas em Formosa (que a China comunista considera uma província separatista; em tese, para Formosa a China continental é que é a província separatista), mandando a Austrália comprar submarinos nucleares (péssimos para a defesa de águas territoriais, ótimos para ir atazanar os outros bem longe – por exemplo, na China), pressionando os parceiros comerciais chineses etc. Tendo tanto os russos quanto os chineses mísseis hipersônicos impossíveis de interceptar e perfeitamente capazes de afundar um porta-aviões antes que os navios da escolta entendam o que está acontecendo, a capacidade atual de intervenção real e efetiva americana num teatro asiático é bastante duvidosa.

Ah, sim, finalmente: aquilo que se passou a segunda metade do século passado inteira tentando ao máximo evitar, por razões evidentes, está sendo incentivado agora pelos EUA. A Alemanha e o Japão estão se rearmando. Alemães e fuzis, ou japoneses e fuzis, não são uma boa combinação para quem quer que esteja por perto, mas no desespero e irracionalidade suicida do momento é o que há para o jantar.

A única coisa que ainda joga a favor dos EUA é o fato de que tanto a Rússia quanto a China – por razões diplomáticas, para ajudar na sua prioridade, que é o comércio exterior – procuram jogar dentro das regras do direito internacional. Ao contrário da prática americana comum, eles não inventam jurisdição internacional dos próprios tribunais, fazem o que se comprometeram a fazer nos acordos que assinaram e respeitam ao menos a letra da lei, tornando-se assim mais previsíveis. O próprio caso da guerra da Ucrânia é um bom exemplo: tendo sido assinado o Acordo de Minsk 2, mesmo com moções quase unânimes no parlamento russo pedindo regularmente a Putin que reconhecesse as republiquetas separatistas, ele se recusava a fazê-lo e repetia que a responsabilidade era ucraniana, alemã e francesa, não dele. Por baixo dos panos, em pequena medida, é claro que mandou “consultores” militares, liberou mercenários Wagner e outras medidas de auxílio militar na penumbra legal. Quando, contudo, as provocações americanas (via Kiev) tornaram-se inaceitáveis, após ter dado repetidamente avisos, proposto acordos e tudo o mais que pôde, ele primeiro reconheceu as republiquetas para então, imediatamente, aceder ao seu pedido de ajuda militar para autodefesa. Atendo-se à letra da lei muito mais que, por exemplo, a criação americana do Kosovo, a Rússia pôde manter-se confiável para o mercado, pagando contudo o preço da previsibilidade.

Tudo isso, para quem tenha o senso moral mais elementar, é asqueroso: mesmo o bem que se faz é feito por razões que se poderiam dizer escusas, como se os meios justificassem o fim. Ou como se os bárbaros assassinatos em massa que constituem uma guerra moderna pudessem ser, de alguma maneira, justificáveis. O fato é que em geopolítica nada é mais perigoso que achar que haja de um lado “bonzinhos” e do outro “malvadões”, “heróis” e “vilões”, “anjos” e “demônios”.

Em geopolítica, repito, não há anjos.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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