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Hoje em dia, a cada esquina brasileira nos deparamos com a versão moderna do jinriquixá, ou tuc-tuc, um dos veículos de transporte de passageiros mais comuns no Oriente. Nos séculos passados a tração era humana, mas hoje ele consiste, em nossos tempos mecanizados, em uma carriola de duas rodas presa à frente de uma motocicleta de baixa cilindrada. Por aqui o vemos, em geral, carregando botijões de gás e garrafões de água. A pergunta que não quer calar é por que eles não carregam gente. Afinal, o nosso clima e o nosso trânsito são muito parecidos com os do Oriente, e um veículo que gasta metade da gasolina e ocupa metade do espaço de um táxi deveria ter mais uso.

Suspeito que o lóbi dos taxistas, o mesmo que criou tantas dificuldades para os aplicativos de carona paga, esteja por trás desta conspícua ausência de jinriquixás nas nossas ruas. Uma que outra cidade turística os aceitou para passeios pelas atrações da cidade, o que indica que o código de trânsito – esta lei infernal, feita para dificultar a vida do motorista e alimentar a indústria da multa – não proíba completamente o uso de semelhante trapizonga para transporte de passageiros. Por que não, então, usá-los como táxis? Ou, quem sabe, até mesmo desenvolver um esquema de aplicativo por celular para chamar um?

O altíssimo preço do combustível é de certa forma justificado pela poluição causada pelos veículos a motor. Seria assim altamente recomendável não apenas do ponto de vista econômico, mas também em nome da qualidade do ar que respiramos, que os motores de um ou mais litros dos táxis e carros de motoristas de aplicativos fossem substituídos parcialmente pelos minúsculos motores de motocicleta que propelem os modernos jinriquixás. A substituição dos caminhões de gás por triciclos em tudo semelhantes a um jinriquixá já avançou bastante, movida, imagino, exclusivamente por razões econômicas: gasta-se menos combustível indo e voltando várias vezes com um motorzinho de motocicleta que rodando pela cidade com um gigantesco motor de caminhão.

Os táxis continuariam tendo o seu público: pessoas idosas ou deficientes, grupos de três ou mais pessoas, e quem mais prefira manter-se fechado dentro de um carro de tamanho integral. Mas a opção de transporte com preço situado entre o transporte público e o dos aplicativos, que seria a introdução maciça dos jinriquixás no Brasil, teria um enorme público, especialmente entre os passageiros mais jovens.

Os fabricantes de triciclos para entrega de gás não teriam dificuldade alguma em transformar parte de suas linhas de montagem para produzir veículos que pudesse transportar duas pessoas mais o piloto, com a mesma base. Afinal, os problemas de engenharia já foram resolvidos. Outro dia, examinando um desses triciclos, percebi que ele já era dotado de vários sistemas – desmultiplicador, cardã, diferencial, suspensão especial – que o tornavam mais eficiente no transporte de uma carga pesada. Tudo fabricação nacional.

Confesso que a minha esperança é pouca. Soluções de bom senso dificilmente “colam” no Brasil, tendo de lutar contra interesses escusos a cada passo do caminho. Mas quem sabe? Afinal, estamos às vésperas de uma eleição que é uma cifra. Pode ser eleito presidente alguém que resolva cortar as asinhas dos burocratas e tecnocratas, em favor do livre empreendimento. Mas que eu gostaria de ver jinriquixás a rodar pelas ruas das nossas cidades, eu gostaria. Seria um passo no bom caminho.

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