Considerações sobre o Dia Internacional da Mulher

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Autorretrato com Colar de Espinhos, de Frida Kahlo

1 – Uma farmácia do Centro com um cartaz enorme, rosa, dando desconto de até 32% nos anticoncepcionais.

2 – Uma rosa é uma rosa. Menos hoje.

3 – A frentista do posto que sempre abasteço disse-me que não foi em nenhuma passeata porque teve de fazer hora extra.

4 – Nada me parece mais apropriado do que o Autorretrato com Colar de Espinhos, de Frida Kahlo.

5 – O assombroso documentário sobre Cândido Portinari, Portinari do Brasil, chama muito a atenção pela forma como ele sente-se enraizado a sua antiga Brodowski, sua infância, a roça, a vida camponesa, as saudades. Ser mulher, sem nunca conseguir fazer o exercício completo de alteridade, sempre me pareceu uma forma drástica de ser submetida a um exílio.

6 – Sempre choro na cena final de Thelma & Louise. Já nem sei mais se é de emoção ou pela representação da emoção dentro de mim.

7 – Tenho um amor de sete léguas pelas mulheres – não sei quanto mede uma légua. Poderia recorrer a várias histórias sobre como nós, homens, somos responsáveis por tornar suas vidas bem mais difíceis – reconheço, individualmente, que tenho grande parcela de culpa no sofrimento que infringi a muitas delas. Fico com uma, o dia em que uma amiga contou-me de um incidente no ônibus lotado. Ela estava de saia e irritou-se em considerável volume com a forma como um homem desviou dela no corredor, praticamente a abraçando de costas. Ela reclamou com o homem, que saiu sorrindo e se dirigiu a um grupo de mais seis homens. Ela seguiu reclamando, ninguém ao redor sequer a olhando, mas resolveu parar a partir do momento que outro deles disse que era melhor ela ficar quieta e não piorar as coisas.