Leminskat
20h – Relendo Toda Poesia, de Leminski. Vou pular a apresentação e o apêndice. 600 poemas.
1h15 – É bem possível fazer uma compilação de dez poesias muito boas e dez poesias muito ruins. Mas não me interessa a contenda ou o grito de gol. Faço anotações no caderno: nômade errante, cultura pop, dilema da aldeia de Tolstói, Ana Cristina Cesar, Oswald de Andrade.
2h – É a quarta vez que tento ler O Catatau, mas não consigo. Sei lá o que me dá. Acontece também de todas as vezes em que fui ao ringue estar um tanto, digamos, alcoolizado. Mas é um negócio incrível esse livro, apesar de não entender nada.
4h – Hora de dormir. Estou com uma tosse que não me larga.
8h – Vontade de continuar dormindo e não falar de nada de literatura, sombras e formação de leitor.
9h15 – Chego à Universidade Positivo e confiro que a edição impressa especial sobre o Leminski abre com uma crônica minha não falando muito bem sobre o sujeito. Primeiro texto da página 2.
9h55 – O auditório está cheio. Na mesa, Áurea Leminski, Estrela Leminski – que é incrivelmente linda – e Alice Ruiz. As três parecem chateadas comigo. Alice Ruiz principalmente. Está indignada por ter dito que certa melodia era da Zélia Duncan, mas, na verdade, é do Itamar Assumpção. Diz que, como jornalista, eu não deveria cometer este tipo de erro. Explica também a diferença entre composição e versão.
10h10 – Começa a palestra. Primeiramente, Áurea. Depois, Estrela, depois Alice. Ambas comentam a desinformação endêmica dos jornalistas, o legado do samurai malandro, a qualidade de seu trabalho e o quanto nós, jornalistas, acabamos contribuindo para a desinformação geral.
11h20 – É a minha vez de falar. Peço desculpas pelo equívoco em relação à música da Zélia Duncan. Reafirmo que não gosto dela, que a interpretação que vi ao vivo de Um Homem com uma dor é horrorosa – obviamente que não digo isso – e alego que Leminski é importante porque é um autor com capacidade para formar novos leitores. Depois falo de Munhoz & Mariano.
11h45 – Depois de duas perguntas, acaba a palestra. Cumprimento as filhas do Leminski – e como é bonita essa Estrela –, novamente peço desculpas pelo erro em relação a música, Alice parece menos irritada comigo, dou duas entrevistas sobre a importância do bardo curitibano. É hora de ir pro bar.
15h – Preciso ir pra casa. Suei um tanto durante o debate e estou cheirando mal. Alice ainda deve estar brava comigo. Devemos sete cervejas de litro. Estou até achando que gosto do Leminski. Não em tudo. Combino com os amigos a nossa ida a um lugar aí.
Bar das putas
Os dias são poucos
As noites são muitas
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