Sete dropshots

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Lendo UM LUGAR CHAMADO INSTANTE, de Alvaro Posselt.

Finzinho de tarde

Minha sombra

se despe de mim

*

Uma moça me chamou hoje de idiota crônico e praticamente afirmou que o pior pesadelo dela é ser um dia retratado em algum conto de amor meu. Moça, não é conto. É crônica.

E não faço somente crônicas de amor.

De desamor também.

*

Ela deixou uma garrafinha de água na escrivaninha e esqueceu seus livros. Disse-me coisas que fez meus ouvidos queimarem. Fui feliz. Acordei às 8h e enquanto ela ia embora o caseiro alimentava o dia com sua enxada cada dia mais lenta. Vi ela partir e então fiquei triste.

Voltei a dormir sem saber se vi ou se sonhei.

Quando acordei às três da tarde, o caseiro ainda estava lá.  

*

Sinto sua falta.

*

Gostei muito do título da crítica de cinema de Sérgio Alpendre na Folha de S.Paulo desta quarta-feira. Nem fui descobrir qual era o filme resenhado: Tudo não passa de relacionamento frio de gente desinteressante. Descobri-me aí por um breve espasmo de tempo que dura até agora.

*

O que é a poesia de Marcelo Montenegro, senão um arrebatamento? Li este aqui no Cândido há quase mês e não sai de mim.

Kátia

O escritor Hank, na série
Californication, implora
ao telefone para que sua
mulher volte. Diz que,
sem ela, não sabe diferenciar
o sublime do ridículo.
De outra forma, o poeta,
neste poema, quer dizer
que em sua mulher
moram todos os seus
textos em modo futuro.
Como Patti Smith em
Só garotos. Ela escreve
que seu companheiro,
Robert Mapplethorpe,
costumava dizer a ela
sobre os seus trabalhos:
“Nada está terminado
até você olhar”.

*

Tênis é uma solidão dentro de um coliseu. Eu realmente não sei a razão de Thomaz Bellucci dar aquelas curtinhas equivocadas nos momentos mais temerários das partidas. Ou sei. As naturezas dominadoras gostam de golpes agressivos e definitivos para lidar com a pressão, matando-a ou revivendo-a.

Foi assim que você me perdeu, querida.

Nas paralelas da vida.

Ricardo Pozzo