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127 Horas é bem mais do que um mero filme de aventuras
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Divulgação
Pelo papel de Aron Ralston em 127 Horas, o ator James Franco concorreu ao Oscar de Melhor Ator

Quem acompanha o cinema do diretor britânico Danny Boyle, vai encontrar em 127 Horas marcas autorais presentes em seus filmes anteriores. Como ele já fez em Cova Rasa, Trainspotting – Sem Limite e A Praia, só para citar alguns de seus longas, o cineasta opta mais uma vez por não escolher como protagonista um personagem cheio de virtudes, com vocação para super-herói.

O montanhista e aventureiro Aron Ralston (James Franco, em ótimo desempenho), embora te­­nha inegáveis traços heroicos, que vêm à tona por força das circunstâncias, é um sujeito falho: individualista, tem grandes dificuldades em se entregar a relações afetivas, inclusive com a família, e apresenta um comportamento quase antissocial e autodestrutivo, ainda que não pareça se dar conta disso até o acidente.

Baseado em uma história real, 127 Horas reconstitui o episódio em que Ralston parte sem avisar ninguém para um fim de semana na região do Deserto de Moab (Utah) e, ao fazer uma trilha num cânion, despenca numa fenda e prende seu antebraço sob uma pedra que também cai quando ele despenca no buraco. Com pouca comida, reservas de água limitadas, uma câmera portátil de vídeo e com quase nenhuma possiblidade de ter seus gritos ouvidos do fundo da fenda, o rapaz se vê diante de uma situação-limite que pode levá-lo à morte. Aliás, essa é a hipótese mais provável.

Embora o argumento em si já seja bastante instigante, é a direção de Boyle que faz de 127 Horas uma obra que extrapola os limites do filme de aventura. Isso se dá graças ao roteiro não linear, somado a uma montagem que alterna presente e passado, realidade e delírio, misturando os fatos ocorridos à rica subjetividade do protagonista. Acrescente-se a isso o grande trabalho de direção de fotografia – outro traço do cinema do diretor oscarizado de Quem Quer Ser Milionário? –, capaz de grandes tomadas aéreas e panorâmicas que dão conta da exuberância da paisagem, mas também conseguem passar ao espectador o clima claustrofóbico que marca boa parte da trama. Outro mérito da produção é a excelente trilha sonora do indiano A. R. Rahman.

Se você não conhecer a história de Ralston e fica furioso quando lhe contam o fim do filme, PARE DE LER aqui.

Embora tenham falado mais da cena em que Ralston amputa o próprio braço com um canivete sem fio made in China, 127 horas merece ter sido um dos indicados a melhor filme – e as outras quatro indicações que recebeu: roteiro adaptado, edição, trilha sonora e canção original.

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