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Indicado ao Oscar de melhor filme, Inverno da Alma finalmente chega a Curitiba
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Divulgação
A revelação Jennifer Lawrence brilha em Inverno da Alma.

Para quem reclama que não há nada de bom nos cinemas, recomendo Inverno da Alma, produção independente que foi indicada ao Oscar de melhor filme neste ano. Estreou no início do ano em São Paulo e rio de Janeiro, mas só agora entra em cartaz por aqui.

Em um primeiro momento, Inverno da Alma tem a aparência e o paladar de um filme anti-hollywoodiano. É talvez por isso que, após a consagração ano passado no Festival de Sundance, maior vitrine do cinema independente nos Estados Unidos, a produção tenha conseguido chegar ao grupo dos dez indicados ao Oscar na categoria de melhor filme. A Academia tem como há­­bito abrir espaço para um filme pequeno, de baixo orçamento, sem grandes astros no elenco e “alta qualidade artística”. Esse é o caso aqui.

Inverno da Alma é a adaptação de um dos romances do escritor Daniel Woodrell, que costuma ambientar suas histórias, classificadas como country noir, nas montanhas Ozarks, bela porém pouco conhecida região no sul do estado americano do Missouri, próxima à fronteira com o Ar­­kansas. Chama a atenção, no início, por retratar uma realidade pouco vista nas telas do cinema: a América profunda, pobre e caipira, sem qualquer glamour.

Mas a grande sacada tanto do romance como do filme é, justamente, fazer uso desse cenário de miséria e desolamento não apenas para construir um drama de cores sociais, mas um thriller tenso e cru. Os irmãos Ethan e Joel Coen fizeram isso nos anos 80 com seu longa de estréia, Gosto de Sangue, e vejam só aonde chegaram.

Na trama de Inverno da Alma, uma adolescente, Ree (a revelação Jennifer Lawrence, indicada ao Oscar de melhor atriz), responsável pelos dois irmãos me­­nores, se vê diante de uma situação limítrofe: necessita encontrar o pai, fugitivo da polícia, para evitar que a Justiça os despeje. Essa busca se revela uma jornada capaz de manter o espectador em clima de constante suspense;

A diretora Debra Granik acerta ao apostar no estranhamento do espectador médio em relação ao universo que retrata em Inverno da Alma. Embora milhões de norte-americanos vivam abaixo da linha da pobreza em pequenas cidades do interior, essa realidade é exótica para o frequentador de cinema dentro e fora dos EUA, porque está ausente do imaginário da maior parte do público enquanto território narrativo.

Isso permite que a cineasta carregue nas tintas, reforçando a ideia de que estamos diante “do outro”: o miserável, sujo, ignorante e destituído de bens materiais e de estabilidade emocional. Tudo isso torna a trajetória dramática de Ree mais impactante aos nossos olhos.

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