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A comédia Ligeiramente Grávidos, em cartaz nos cinemas, é um achado. Consegue, graças ao engenhoso roteiro de Judd Apatow, também diretor do filme, aliar generosas doses de humor rude e escatológico a um romantismo irresistível e, acreditem ou não, delicado. Assistindo ao filme, pode até parecer uma receita fácil, mas não é, não.

Em Quem Vai Ficar com Mary?, os irmãos Farrelly haviam chegado perto de encontrar uma fórmula capaz de unir essas duas vertentes aparentemente irreconciliáveis. Seus filmes posteriores não foram tão felizes nesses intento. Apatow, contudo, conseguiu não apenas aparefeiçoar o formato, mas lhe dar consistência dramatúrgica. Seu longa anterior, o bem-sucedido O Virgem de 40 Anos, já apontava nesse sentido.

O segredo do sucesso de Ligeiramente Gravidos parece ser o cuidado com a construção dos personagens, sobretudo os principais.

O protagonista, Ben Stone (o carismático Seth Rogue), é apresentado como um sujeito que vai totalmente na contramão no conceito de galã: é acima do peso, veste-se mal, tem certa fixação em pornografia, não tem emprego fixo, sua conta bancária está quase zerada e sua vontade de mudar é nula. Sem falar que vive nos Estados Unidos ilegalmente, já que tem cidadania canadense.

Todos esses “defeitos”, no entanto, convivem com um caráter que, se não é exatamente sólido, tem qualidade essenciais a um ser humano decente, como lealdade e espírito solidário.

A “mocinha”, Alison (a ótima Katherine Heigl, do seriado Grey’s Anatomy) é uma jovem repórter bonita, competente e ambiciosa que se descobre grávida depois de uma noitada etílica com Ben, um sujeito que, aparentemente, nada tem a ver com ela.
Mas, como no universo criado por Apatow, seres humanos não são programados ou vêm acompanhados por um manual de instruções, Ben e Allison se apaixonam e são forçados a pensar sobre suas diferenças.

E, nessa jornada, cada um leva seu mundo a tiracolo. Ben traz na bagagem um grupo de amigos excêntricos que se parecem muito com ele e só pensam em sexo, drogas e não muito mais do que isso. Allison, por sua vez, tem em casa um exemplo da casamento não muito animador: sua irmã, Debbie (Leslie Mann), é uma mulher controladora e insegura, sempre desconfiada do marido (Paul Rudd), que apesar de amá-la, sente falta de um mundo para chamar de seu.

O encontro de todos esses personagens imperfeitos e até bizarros é hilário e surpreendemente fascinante. Vale a pena ser visto.

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