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Mostra de Cinema de São Paulo: hibridismo em alta em longas-metragens brasileiros
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Novo filme de Beto Brant: história de amor da vida real em SP.

O hibridismo de linguagens, borrando as fronteiras entre vida real e ficção, se consolida como tendência. Dois dos melhores filmes brasileiros presentes na Mostra de Cinema de São Paulo seguem esse caminho “flex”.

No belíssimo, Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te amo, de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, o narrador é um geólogo recém-separado da mulher que viaja pelo interior do Nordeste para fazer um estudo encomendado pelo governo com o objetivo de fazer a transposição das águas do único grande rio da região (supõe-se que seja o São Francisco).

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Viajo Porque Preciso Volto Porque Te amo é mergulho no sertão em jornada introspectiva.

A viagem percorre as regiões mais inóspitas do sertão, mas também alguns centros regionais. E, ao mesmo tempo em que é documental, já que muito do retratado é real, a narrativa, contada em primeira pessoa pelo geólogo, é um mergulho em sua subjetividade. Revela um homem triste, abalado pelo fracasso do casamento, carente e forçado pelo trabalho a mergulhar num solidão que o leva a uma profunda crise existencial, que se materializa nas belas imagens e na inspirada trilha sonora, Nunca se vê o rosto do protagonista, apenas o que ele enxerga, através da lente sensível da diretora de fotografia curitiabana Heloísa Passos, que revela um Brasil remoto e fascinante.

Não existem grande paisagens em O Amor Segundo B. Schianberg, de Beto Brant. O filme tem argumento baseado num personagem do romance Eu Receberia a Notícia de Seus Lindos Lábios, de Marçal Aquino, parceiro constante do diretor. O cineasta propôs à videoartista Marina Previato e ao ator Gustavo Machado dividir um apartamento em São Paulo por três semanas, onde eles vivem uma intensa história de amor diante de câmeras de vigilância, no estilo Big Brother, também orquestradas por Heloísa Passos.

O resultado é fascinante. Representação e realidade se confundem mais uma vez, criando um território que vem se consolidando como tendência no cinema contemporâneo.

Realizado dentro de um projeto da TV Cultura chamado Carnaval, o filme anuncia, talvez, o surgimento de uma atriz interessante (Marina, cujo vídeo que está produzindo integra o longa de Brant) e a confirmação do talento de um ator em ascensão na cena paulistana (Machado).

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