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Será que a imprensa tem o poder de transformar um filme em sucesso? Sempre me faço essa pergunta e confesso que não consigo chegar a uma conclusão definitiva. Acho que obras que qualidade inconteste, que não contam com campanhas milionárias de divulgação, podem se beneficiar de críticas positivas em um primeiro momento, sem dúvida. Mas, ainda penso que o fator determinante acaba sendo mesmo o boca-a-boca, a reação do público. E essa “magia” é misteriosa, acreditem.

Há quem diga que o chamado gosto médio está sendo moldado por décadas e décadas de dominação imposta por Hollywood. As pessoas, de maneira geral, simplesmente não toleram mais filmes que não obedeçam a determinadas fórmulas, testadas e aprovadas. Sem um final feliz ou redentor. Será que somos tão programáveis a esse ponto?

O que me incomoda nessa tese é a exclusão da possibilidade do encantamento espontâneo diante de uma obra de arte.

Se estivermos falando de um blockbuster, o buraco é, de fato, bem mais embaixo. Jornais, revistas, rádio, TV e o escambau acabam tendo papel reativo. Do ponto de vista de alguém que trabalha há quase 20 anos na imprensa. posso dizer sem medo de errar: é impossível ficar indiferente ao verdadeiro bombardeio publicitário e mediático que os estúdios de Hollywood desencadeiam meses antes de o filme estrear.

É a tal da indústria cultural em sua encarnação mais perniciosa: o produto cultural vira notícia, fato. Pouco importa se pŕesta ou não. E acabamos falando dele.

Para se ter uma idéia, já estão rolando na internet e nos cinemas teaser-trailers de filmes que só vão estrear no ano que vem, como o novo longa da franquia Batman, O Cavaleiro das Trevas.

Vivemos tempos esfranhos, mas não podemos nos conformar com a passividade. Devemos, ao menos, ter uma visão crítica de como se formam nossos hábitos culturais.

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