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Boric eleito presidente
| Foto: Elvis González/EFE

Desde a queda do ditador Augusto Pinochet, que governou o Chile por quase 17 anos (1973 a 1990), os chilenos elegeram oito presidentes. A maioria deles de partidos ou coligações identificadas com a centro-esquerda e a esquerda. No domingo (20), o líder Gabriel Boric, símbolo dos protestos estudantis de 2011, confirmou a supremacia da esquerda na história recente do país. Ele derrotou o candidato de direita José Antonio Kast, com 55,8% dos votos contra 44,1%.

Por duas décadas, após o fim da ditadura militar, a Concertación (Coalizão de Partidos pela Democracia) dominou a cena política chilena. Formada por social-democratas e democratas-cristãos, a Concertación era composta pelo Partido Democrata Cristão, Partido Socialista, Partido Radical Social-Democrata e Partido pela Democracia, todas legendas de centro-esquerda.

Boric, Chile
Para viver melhor, um dos temas da campanha de Gabriel Boric.| Reprodução/Facebook

A Concertación ganhou quatro eleições presidenciais seguidas, garantindo 20 anos no poder. Foram presidentes pela coalizão Patricio Aylwin (1990-1994), Eduardo Frei (1994-2000), Ricardo Lagos (2000-2006) e Michelle Bachelet (2006-2010).

A hegemonia da centro-esquerda foi abalada na eleição de 2009, quando, pela primeira vez desde Pinochet, um político de direita chegou à Presidência. Sebastián Piñera, de centro-direita, venceu o candidato da Concertación, Eduardo Frei, mas não conseguiu fazer sucessor.

A centro-esquerda voltaria ao poder nas eleições de 2013, novamente com Bachelet, candidata na época pela Nova Maioria, coalização que substituiu a Concertación e reuniu partidos de esquerda, como o Partido Comunista, a Esquerda Cidadã e o Movimiento Amplo Social.

Quatro anos depois, Piñera triunfou pela segunda vez e levou a centro-direita novamente ao Palácio de La Moneda, sede da Presidência do Chile. O segundo mandato do bilionário Piñera, que tem fortuna avaliada em mais de US$ 2,7 bilhões, foi marcado por crises e grandes protestos populares.

Nos últimos quatro anos, sob a presidência de Piñera, o Chile viveu uma revolução pelo voto. Em maio deste ano, os chilenos elegeram os constituintes, que estão elaborando a nova Constituição do país. Os grandes vencedores foram a chamada ‘nova esquerda’ e os independentes, que tiraram o posto das tradicionais centro-esquerda e centro-direita.

A surpresa das eleições constituintes foi o agrupamento político de esquerda Apruebo Dignidad, que reúne um grande número de partidos de esquerda e conquistou 28 cadeiras na Constituinte.

O desempenho do Apruebo Dignidad nas urnas deu força para a candidatura de Gabriel Boric, o jovem que surgiu do movimento pela educação gratuita e nos últimos anos se transformou em símbolo dos grandes protestos do país contra a desigualdade social e, especialmente, contra o sistema privado de aposentadoria.

Presidente mais novo da história do Chile – ele tem 35 anos, idade limite para poder ser candidato à Presidência –, Boric se moveu para a centro-esquerda desde que chegou ao segundo turno. Mas não abandonou seu discurso de fortalecer o estado de bem-estar social. Os principais eixos do seu programa de governo são educação gratuita, saúde pública e novo sistema de previdência. Ideologicamente se define como progressista, com a defesa de bandeiras como ecologia, diversidade, multiculturalismo, feminismo, democracia participativa e antineoliberalismo.

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