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Doris Lessing e uma mensagem aos professores
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Doris Lessing
A escritora Doris Lessing, morta aos 94 anos neste domingo, deixa um legado àqueles que não aceitam situações sociais injustas. Foi assim na sua luta contra o apartheid e o colonialismo.

Um fato marcante dessa firmeza de Lessing ocorreu em 1999, quando rejeitou o título de Dama do Império Britânico concedido pela rainha Elizabeth II. “Já não há nenhum império”, justificou.

Classificada por alguns como escritora feminista, Lessing recusou esse rótulo. Para ela, sua obra era mais um exame psicológico do ser humano e seu entorno.

Nascida na Pérsia, atual Irã, a escritora cresceu na Rodésia do Sul, hoje Zimbábue. Esteve no Brasil várias vezes e não escondia o gosto pela literatura brasileira.

No prefácio do seu livro mais conhecido do público, O Carnê Dourado, Lessing envia uma mensagem aos nossos educadores:

“Idealmente, o que se deveria dizer a toda criança,
repetidamente, durante toda a vida escolar é algo mais ou menos
assim: ‘Você está no processo de ser doutrinado. Ainda não criamos
um sistema de educação que não seja um sistema de doutrinação.
Lamentamos, mas estamos fazendo o melhor que podemos. O que lhe
estão ensinando aqui é um amálgama dos preconceitos atuais e das
opções desta nossa cultura. A consulta mais ligeira à história revelará
que aqueles dois itens são temporários. Você está sendo ensinado por
pessoas que conseguiram acomodar-se a um regime de pensamentos
transmitido por seus predecessores. É um sistema autoperpetuador. Os
que, dentre vocês, são mais vigorosos e individuais do que os demais,
serão incentivados a ir embora e a encontrar maneiras de se educar,
educando seu próprio julgamento. Os que ficarem devem sempre
lembrar, sempre, em todas as ocasiões, que estão sendo amoldados
para se enquadrar nas tímidas e específicas necessidades desta
determinada sociedade.’ ”

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“Ideally, what should be said to every child, repeatedly, throughout his or her school life is something like this: ‘You are in the process of being indoctrinated. We have not yet evolved a system of education that is not a system of indoctrination. We are sorry, but it is the best we can do. What you are being taught here is an amalgam of current prejudice and the choices of this particular culture. The slightest look at history will show how impermanent these must be. You are being taught by people who have been able to accommodate themselves to a regime of thought laid down by their predecessors. It is a self-perpetuating system. Those of you who are more robust and individual than others will be encouraged to leave and find ways of educating yourself — educating your own judgements. Those that stay must remember, always, and all the time, that they are being molded and patterned to fit into the narrow and particular needs of this particular society.”

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