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Guimarães Rosa e suas aventuras no sertão de Minas. Foto de Eugênio Silva para a revista ‘O Cruzeiro’, publicada no site da USP.
Em uma demonstração de sinceridade, confessou anos mais tarde não ter nascido para ser médico. Mas deixou uma mensagem àqueles que trilham a carreira. Escolhido orador da turma de formandos da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte (atual Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais) alertou em seu discurso a necessidade de uma Medicina mais próxima do paciente, que transmita calor humano acima de tudo.
De sua jornada como médico – um ano e meio em Itaguara, Minas Gerais, e depois como voluntário da Força Pública da Revolução Constitucionalista – Rosa extraiu histórias que marcaram seus escritos. No conto Sarapalha, ele narra a conversa de dois primos que padeciam de alta febre, vítimas da malária, esse mal que até hoje aniquila brasileiros. Amor e solidão transparecem no texto e no delírio dos personagens em estado febril. Também adentra o mundo de outros males brasileiros, como as picadas de cobra, no conto Bicho Mau.
A convivência de Guimarães Rosa com o sofrimento de pacientes portadores de algumas doenças símbolos da tragédia da sáude no Brasil de sua época (hanseníase, malária, tuberculose, varíola, ofidismo e algumas doenças psiquiátricas) contribuiu decisivamente para suas obras literárias.
Além de não ter nascido para exercer a Medicina, Rosa não sabia cuidar da própria saúde. Fumante inveterado, morreu subitamente aos 59 anos. Consciência do mal não faltava a esse gênio da literatura. “Desafiando a fome-e-sede tabágica das pobrezinhas das células cerebrais”, escreveu durante um período brevíssimo em que deixou de fumar.
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