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Sem cloroquina, lopinavir e ritonavir, OMS concentra estudos com remdesivir
| Foto: Reprodução/GPO

Quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou o estudo global ‘Solidarity’, com a finalidade de encontrar drogas eficazes no combate à covid-19, no final de março, algumas substâncias apareceram como esperança para salvar pessoas infectadas pelo novo coronavírus. O grupo de medicamentos destacados pela organização foram remdesivir, utilizado no tratamento do ebola; cloroquina/hidroxicloroquina, utilizada para tratar a malária; ritonavir e lopinavir, que fazem parte do coquetel de tratamento do HIV; e interferon beta-1ª, desenvolvido para o tratamento da esclerose múltipla.

Neste sábado (04), a OMS anunciou a paralisação de estudos com hidroxicloroquina, ritonavir e lopinavir no tratamento de pacientes hospitalizados com covid-19. A organização não detalhou se também vai interromper os estudos com a combinação lopanivir/ritonavir/interferon beta.

Em seu comunicado sobre a suspensão das pesquisas, a OMS informou que aceitou recomendação do Comitê Diretor Internacional do ‘Solidarity’. “Os resultados provisórios mostram que a hidroxicloroquina e lopinavir/ritonavir produzem pouca ou nenhuma redução na mortalidade de pacientes com covid-19 hospitalizados quando comparados com pacientes que recebem atendimento padrão. Os investigadores interromperão os estudos com efeito imediato”, diz o comunicado.

Apesar de descartar a continuidade da pesquisa com pacientes hospitalizados, a OMS ressalva que os estudos envolvendo pacientes com sintomas leves da doença continuam. Também terão continuidade os trabalhos para avaliar o uso desses medicamentos como profilaxia, ou seja, como prevenção à covid-19. “Essa decisão se aplica apenas à condução do estudo ‘Solidarity’ em pacientes hospitalizados e não afeta a possível avaliação em outros estudos de hidroxicloroquina ou lopinavir/ritonavir em pacientes não hospitalizados ou como profilaxia pré ou pós-exposição para covid-19. Os resultados provisórios do estudo estão agora sendo preparados para publicação revisada por pares”, esclareceu a organização.

A recomendação do Comitê Diretor Internacional do ‘Solidarity’ para interromper as análises foi formulada, segundo a organização, a partir dos resultados provisórios do estudo e de uma revisão das evidências de todos os ensaios apresentados durante a Cúpula da OMS nos dias 1º e 2 de julho, quando foram avaliadas as pesquisas e inovações no enfrentamento da covid-19.

OMS anunciou que estudos com remdesivir continuam.
| Gilead

Com a decisão, a única substância da lista de medicamentos prioritários do estudo global que ainda continua sendo avaliada em tratamentos de pacientes hospitalizados é o antiviral remdesivir. A droga – desenvolvida pela empresa biofarmacêutica norte-americana Gilead Sciences para combater o ebola – têm demonstrado nos testes ser a mais promissora contra o coronavírus, mas também recebeu ressalvas da OMS.

Primeiramente, o remdesivir foi autorizado para uso emergencial nos EUA, Índia, Cingapura e Japão. Em seguida o Reino Unido liberou, com limitações, o uso do medicamento para pacientes em estado grave da doença.

Na sexta-feira (3), a Comissão Europeia também autorizou (provisoriamente) o uso do remdesivir para o tratamento de pacientes com coronavírus na União Europeia (UE). A decisão foi tomada após recomendação da Agência Europeia de Medicamentos (Ema). De acordo com estudos realizados até agora, os pacientes graves de covid-19 tratados com remdesivir recuperam uma média de 4 a 6 dias antes do que o resto dos pacientes.

O anúncio da União Europeia ocorreu em plena tensão com os Estados Unidos. Dias antes o governo Donald Trump havia confirmado que o país comprou as reservas mundiais de remdesivir pelos próximos três meses.

Segundo o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, o presidente Trump obteve um acordo com a Gilead para adquirir 500 mil ciclos de tratamentos, que representam 100% da produção da farmacêutica em julho, 90% em agosto e 90% em setembro. Um tratamento à base de remdesivir utiliza seis doses, em média, e deverá custar cerca de US$ 3.200 (R$ 17 mil).

Apesar do otimismo e das disputas em torno do antiviral da Gilead, a OMS demonstra cautela. Os estudos até agora não foram conclusivos sobre se ele ajuda a impedir a morte por coronavírus. No último dia 2, a cientista-chefe da organização, Soumya Swaminathan, disse que há pesquisas conflitantes em relação ao remdesivir.

“Não sabemos se é eficaz, mas o plano é continuar com as pesquisas. Precisamos responder a questões, como as taxas de mortalidade e de alta médica. Em algumas semanas, devemos ter mais resultados dos estudos”, afirmou Soumya em entrevista coletiva.

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