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Paz no mundo regride depois de ter registrado melhoria um ano antes.
Em vermelho, os países menos pacíficos. Em verde, os mais pacíficos.| Foto: Reprodução/GPI/IEP

Depois de um certo alívio em 2019, o mundo voltou a ficar menos pacífico. Os dados do Índice Global de Paz 2020, divulgado nesta quarta-feira (10), revelam que a paz global se deteriorou. A pontuação média sofreu redução de 0,34%. É a nona deterioração da paz nos últimos doze anos.

O relatório mostra ainda que o Brasil contribuiu para o cenário de aumento da violência no mundo. O país caiu 10 posições no índice, resultado que o coloca na 126ª posição. Um ano antes estava em 116º lugar. Uma observação é que no relatório anterior, de 2019, enquanto o mundo havia melhorado, o Brasil seguia em sentido contrário, com queda também de 10 posições.

O índice é elaborado pelo Instituto para a Economia e a Paz (IEP, na sigla em inglês), uma organização sem fins lucrativos com sede em Sydney, na Austrália, dedicada ao desenvolvimento de métricas para analisar a paz. Seus estudos são amplamente utilizados por governos, instituições acadêmicas, grupos de reflexão, organizações não-governamentais e instituições intergovernamentais, como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Banco Mundial e a Organização das Nações Unidas (ONU).

Os 10 mais pacíficos

  • 1. Islândia
  • 2. Nova Zelândia
  • 3. Portugal
  • 4. Áustria
  • 5. Dinamarca
  • 6. Canadá
  • 7. Singapura
  • 8. República Tcheca
  • 9. Japão
  • 10. Suíça

Os 10 mais violentos

  • 154. Rússia
  • 155. República Central Africana
  • 156. República Democrática do Congo
  • 157. Líbia
  • 158. Somália
  • 159. Iémen
  • 160. Sudão do Sul
  • 161. Iraque
  • 162. Síria
  • 163. Afeganistão

O levantamento tem como base 23 indicadores agrupados em três domínios – proteção e segurança, militarização e conflitos em andamento. Entre os indicadores estudados estão taxa de homicídios, crimes violentos, importação e exportação de armas, mortes por conflitos internos e externos, refugiados e instabilidade política.

Segundo os autores do relatório, a deterioração da paz deveu-se principalmente a uma piora no domínio segurança e proteção. A instabilidade política em vários países, assim como outros indicadores associados, como manifestações violentas, foram fatores que pesaram no resultado. Além disso, a ascensão do autoritarismo causou uma deterioração na escala do terror político e um aumento do policiamento e da taxa de encarceramento.

O Índice Global da Paz de 2020 revela um mundo em que as tensões, conflitos e crises que surgiram na última década permanecem por resolver.

Trecho das conclusões do relatório do Índice Global da Paz 2020.

Apesar de haver registro de aumento do número total de conflitos enfrentados globalmente, segundo o levantamento, o número de mortes por conflitos, internos e externos, continuou caindo, devido à derrota de grupos armados na Síria e no Iraque e o fim da guerra civil na Síria.

“A diferença entre os países menos e mais pacíficos continua a crescer. Desde 2008, os 25 países menos pacíficos declinaram em média 12,9%, enquanto os 25 países mais pacíficos melhoraram 2,1%”, destaca o levantamento do IEP.

O relatório 2020 também prevê os impactos da pandemia de coronavírus no planeta. De acordo com as estimativas, a covid-19 afetará negativamente a instabilidade política, as relações internacionais, os conflitos, os direitos civis e a violência, desfazendo muitos anos de avanços socioeconômicos.

Paz no Brasil e na América do Sul

A queda da paz no Brasil está inserida no contexto negativo de toda a região latino-americana. Os pesquisadores verificaram que a América do Sul sofreu a maior queda e foi a única região a registrar deteriorações nos três domínios: segurança e proteção, militarização e conflitos em andamento. Os melhores colocados na região são Uruguai, Chile e Argentina, com destaque para os uruguaios, que estão entre os primeiros do mundo na redução de conflitos. O Chile, apesar de ainda estar em situação confortável, sofreu forte queda na segurança e está entre os países que mais sofreram deterioração da paz em decorrência dos protestos que assolaram o país no ano passado.

A situação sul-americana já era ruim no estudo publicado em 2019. A população da América do Sul tinha a menor fé nos governos, com 77% dos entrevistados da região acreditando que seu governo é corrupto. Apenas 43% dos entrevistados, em média, disseram que se sentiam seguros andando sozinho. A sensação de insegurança era maior nas ruas brasileiras e venezuelanas. Apenas 34% e 26% respectivamente das pessoas desses dois países disseram se sentir seguras nas ruas.

A Europa continua sendo a região mais pacífica do mundo. Grécia e Bélgica tiveram a maior melhoria na paz. Seis dos dez países mais pacíficos do planeta são europeus, com destaque para Islândia e Portugal, que ocupam o primeiro e o terceiro lugares respectivamente. O segundo colocado é a Nova Zelândia.

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