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O cientista David Goodall na comemoração dos seus 104 anos. Foto: reprodução de vídeo da rede ABC.
O cientista David Goodall na comemoração dos seus 104 anos. Foto: reprodução de vídeo da rede ABC.| Foto:

Na última quarta-feira (2), o cientista David Goodall, de 104 anos, se despediu de sua família na Austrália para uma viagem que, segundo ele mesmo, será sem volta. Apesar de não estar sofrendo de nenhuma doença grave, o estudioso decidiu atravessar o mundo para, em uma clínica na Suíça, colocar fim antecipado à sua própria vida.

A justificativa para a decisão fatal causou muitos questionamentos. “Lamento muito por ter atingido essa idade”, afirmou Goodall no seu aniversário no mês passado em uma entrevista para a rede australiana ABC. E acrescentou que é o momento de ir embora.

Pesquisador associado honorário da Universidade Edith Cowan de Perth, o professor David Goodall virou manchete em 2016, quando a instituição de ensino solicitou que abandonasse o cargo, alegando riscos vinculados a seus deslocamentos. Depois da reação do cientista, e diante da repercussão do caso na comunidade internacional, a universidade recuou.

Com trabalhos reconhecidos em todo o mundo, Goodall editou uma série de livros de 30 volumes chamada “Ecossistemas do Mundo” e foi nomeado membro da Ordem da Austrália por seu trabalho científico.

 “Lamento muito por ter atingido essa idade.”

Uma das justificativas de David Goodall  para a decisão de antecipar sua própria morte.

Goodall estudou ciências e concluiu seu doutorado em filosofia em 1941, na Universidade de Londres (Imperial College of Science and Technology). Em 1948 ele se mudou para a Austrália, onde se tornou professor de botânica da Universidade de Melbourne. Em 1953 terminou o doutorado em Ciências.

Além do trabalho na Austrália, foi professor de biologia da Universidade da Califórnia, EUA, e professor de ecologia na Universidade Estadual de Utah.

A decisão de Goodall para acabar com sua própria vida teria sido acelerada por uma queda grave em seu apartamento recentemente. Ele ficou dois dias no chão antes de ser socorrido. Após o episódio, os médicos disseram que ele precisaria de cuidados 24h por dia ou se mudar para uma casa de repouso onde tivesse esse tipo de atendimento.

Goodall não estaria aceitando mais sua condição, em que não consegue fazer coisas simples, como pegar um ônibus na cidade.

As religiões cristãs consideram inaceitáveis decisões como a de Goodall. A Igreja Católica condena firmemente qualquer prática que antecipe a morte de um doente, seja a seu pedido ou não. Por isso, se opõe tanto à eutanásia como ao suicídio assistido.

A Igreja Católica, por outro lado, critica também a distanásia, o prolongamento de uma vida, por meios artificiais, mesmo quando isso implica sofrimento para o doente. Mas esse não é o caso de Goodall, que não estaria doente. Para a Igreja, não cabe ao homem pôr termo à vida, mesmo que seja a sua própria, pois defende que toda a vida humana é sagrada e inviolável.

A Suíça é o único país do mundo que permite o suicídio assistido de pessoas que não estão em estado terminal. Outros países, como Holanda, Bélgica e alguns estados dos EUA, permitem a eutanásia e aceitam a decisão de quem quer morrer, mas para isso a pessoa deve estar em estado terminal, ou seja, cientificamente não apresentar mais possibilidade de cura de uma doença.

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