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Rebeldes do PT não “decolaram”
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Nomes consagrados como Antonio Candido, autor de Formação da Literatura Brasileira, e Sérgio Buarque de Holanda, de Raízes do Brasil – e pai do cantor e compositor Chico Buarque –, são estrelas da constelação de fundadores do PT. A lista de personalidades é extensa. Muitos proporcionaram união ao partido, mas a história da legenda é marcada por dissidências. O caso recente da senadora Marina Silva é mais um capítulo de um filme que começou nos anos 80.

Para não voltar muito no tempo, basta regredir a 1985. Naquele ano, os deputados federais Airton Soares, Bete Mendes e José Eudes decidiram ignorar a decisão do partido e votar em Tancredo Neves para presidente da República no colégio eleitoral. Tancredo morreu, Sarney, o vice, virou presidente e os três, antes de serem expulsos do PT, decidiram sair.

Depois foi a vez de Luiz Erundina. Em 1988 a assistente social conquistou a prefeitura de São Paulo, um fato histórico. Mas assim que terminou o mandato, em 1993, decidiu debandar para os braços do governo Itamar Franco. Foi a primeira petista a fazer parte do governo federal, o que resultou na sua expulsão da sigla.

Mais recentemente, em 2003, três estrelas petistas radicais foram apagadas do partido. A senadora Heloísa Helena e os deputados federais Luciana Genro e Babá compraram briga com as posições do grupo majoritário e tiveram de sair. Fundaram o PSol com uma centena ou mais de militantes e filiados descontentes.

Deve ser incluído ainda nesse rol de dissidentes o senador Cristovam Buarque. Além de governador de Brasília, o ex-reitor da Universidade de Brasília foi ministro da Educação de Lula. Acabou demitido em 2004 por discordar das decisões do governo e entrar em atrito com o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu.

Agora é a vez da senadora Marina Silva. Deixou o PT e negocia com o PV para ser candidata à Presidência. Houve também o caso do senador Flávio Arns (PR), mas esse não merece entrar no grupo de rebeldes petistas. Arns nunca foi do PT e, da mesma forma que critica os petistas hoje, criticava o PSDB quando deixou o ninho tucano para se candidatar a senador pela legenda de Lula.

O futuro de Marina Silva é uma incógnita. Se repetir o feito de outros petistas rebeldes, não terá muito que comemorar. Todas as outras estrelas perderam um pouco do brilho de quando pertenciam ao PT – algumas se apagaram por completo.

Heloisa Helena, do mesmo modo como pretende agora Marina Silva, concorreu à Presidência. Os analistas apostaram que a então senadora alagoana tiraria votos de Lula e beneficiaria o tucano Geraldo Alckmin. As previsões falharam e Lula conquistou a reeleição. Heloisa Helena hoje está ofuscada politicamente.

Com Cristovam Buarque não foi diferente. Tentou a Presidência e todos apostavam que prejudicaria o PT. A candidatura não decolou e hoje está sem espaço.

Não é preciso falar de Erundina, Babá e outros para constatar que, fora do PT, não conseguiram manter o brilho de quanto estavam sob a iluminação da estrela vermelha. Se, por um lado, o PT tem sido pouco hábil para lidar com as dissidências, por outro, fora do partido os projetos de seus ex-membros não decolaram.

Neste momento de efervescência, os futurólogos não perdem a oportunidade para fazer prognósticos. Dizem que Marina Silva vai tirar voto de Dilma Rousseff e favorecer José Serra. Apostam até que a senadora do Acre vai para o segundo turno. Será? Nem bola de cristal pode fornecer uma resposta precisa.

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Legendas e créditos

Foto 1 – Luiza Erundina, a assistente social que virou prefeita de São Paulo: decadência. (Edson Santos/Câmara dos Deputados)
Foto 2 – Heloisa Helena deixou o PT e fundou o PSol: não deslanchou. (Marcelo Elias/Gazeta do Povo)
Foto 3 – Cristovam Buarque foi governador de Brasília e ministro petista: candidatura ao Planalto foi um fracasso. (Gilberto Abelha/Jornal de Londrina/RPC)
Foto 4 – Marina Silva deixou o PT e ruma para o PV com o sonho de ser presidente: aposta na incerteza. (Evaristo Sá/AFP)

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