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Painel em Havana com mensagem contra o embargo dos EUA.
Painel em Havana com mensagem contra o embargo dos EUA. | Foto:

Leia texto publicado hoje na versão impressa da Gazeta do Povo sobre o anúncio de Obama:

Painel em Havana com mensagem contra o embargo dos EUA.

Painel em Havana com mensagem contra o embargo dos EUA.

Com o anúncio da retirada de uma série de restrições no relacionamento dos Estados Unidos com Cuba, o presidente Barack Obama cumpre parte de suas promessas da campanha presidencial de 2008, quando foi eleito pela primeira vez. Mas ainda está longe de atender plenamente as expectativas da comunidade internacional, que pede o fim do bloqueio imposto à ilha durante mais de cinco décadas. Para derrubar o embargo econômico será preciso convencer a maioria do Congresso americano.

As sanções econômicas do governo dos EUA prejudicam não só americanos que pretendem negociar com Cuba. Em todo o mundo há consenso de que é preciso acabar com as restrições.

A ONU aprovou 21 vezes o fim do bloqueio, mas os congressistas americanos insistem na manutenção de uma prática que afeta direta e indiretamente vários países. Empresários, governos, movimentos sociais, líderes políticos, intelectuais, artistas e organizações não governamentais, como a Anistia Internacional, pressionam pela abertura.

A Associação dos Economistas de Cuba calcula em mais de US$ 1,1 trilhão os danos causados à economia do país em 53 anos, considerando a depreciação do dólar frente ao valor do ouro. São cerca de dez anos de toda a produção de Cuba, que tem um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 113 bilhões.

O objetivo dos EUA, de aniquilar o regime com o bloqueio, não funcionou. Pelo contrário, as medidas provocaram ódio de muitos cubanos e ajudaram a reforçar o governo comunista. A sensação que todo cubano tem é de que muitas das mazelas do país são decorrentes do embargo.

Em parte, há um fundo de razão nessa percepção. Tudo fica mais caro para Cuba no comércio internacional. De equipamentos médicos a veículos e eletrodomésticos, qualquer produto fabricado por empresas americanas ou que tenha componentes dos EUA está embargado. Para se ter noção da abrangência das restrições, uma montadora americana instalada no Brasil, por exemplo, não pode exportar para a ilha carros produzidos em território brasileiro.

A construtora Odebrecht, uma das envolvidas no escândalo da Petrobras, foi impedida de participar de uma licitação pública na Flórida, avaliada em US$ 3,3 bilhões, por estar construindo o porto cubano de Mariel.

As restrições ainda mantidas, no entanto, não invalidam nem tiram importância das decisões de Obama. Viagens, atividades jornalísticas, de comunicação em geral, educacionais, pesquisas e projetos humanitários estão entre os benefícios para cubanos, americanos e cidadãos de outros países.

O anúncio de ontem torna mais próximo o sonho de uma América unida e abre caminho para o avanço da democracia no continente.

Célio Martins, editor da Primeira Página da Gazeta do Povo, viajou a Cuba em 2013 para uma série de reportagens sobre a ilha.
– Para ler a série acesse www.gazetadopovo.com.br/mundo/passagem-para-cuba

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