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Vacina brasileira
USP desenvolve vacina em spray contra Covid-19.| Foto: Reprodução/Jornal da USP

Com apenas duas vacinas contra Covid-19 (Coronavac e Oxford/AstraZeneca) sendo usada atualmente no país, o Brasil realiza um grande número de estudos para ter imunizante próprio, mas os projetos estão ainda engatinhando. Nenhum dos estudos da 'vacina brasileira' chegou à fase clínica, momento em que os imunizantes são testados em humanos.

Segundo o Ministério da Saúde, ao todo, o governo faz o monitoramento técnico e científico de 17 vacinas que estão em desenvolvimento e aperfeiçoamento por instituições brasileiras. “Todas se encontram na fase pré-clínica de desenvolvimento, ou seja, em estudos experimentais em células in vitro e modelos vivos”, informa o ministério.

Candidatas a vacina em desenvolvimento no Brasil acompanhadas pelo Ministério da Saúde:

  • 1 – Bio-Manguinhos/Fiocruz – Vacina sintética.
  • 2 – Bio-Manguinhos/Fiocruz – Vacina baseada em subunidade proteica.
  • 3 – Instituto René Rachou (Fiocruz/MG) / Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vacinas (INCTV) – Vacina baseada em vetores virais.
  • 4 – Instituto Butantan/ Dynavax / PATH – Vacina de Vírus inativado.
  • 5 – Instituto Butantan – Vesículas de membrana externa (Outer membrane vesicles, OMVs) em plataforma de múltiplos antígenos (Multiple Antigen  Presenting System, MAPS).
  • 6 – Instituto Butantan – Vacina baseada em partículas semelhantes a vírus (VLP – Virus-Like Particle).
  • 7 – Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP)/ Universidade de São Paulo – Vacina baseada em partículas semelhantes a vírus (VLP – Virus-Like Particle).
  • 8 – Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) – Ácido Nucleico (DNA).
  • 9 – Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) – Vacina baseada em nanopartículas.
  • 10 – Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) – Vacinas baseadas proteína recombinante.
  • 11 – Universidade Federal de Viçosa – Vacina baseada em proteína recombinante.
  • 12 – Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP) – Vacina baseada em nanopartículas.
  • 13 – Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Vacina baseada em nanopartículas.
  • 14 – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Ácido Nucleico (DNA).
  • 15 – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo (USP) – Vacina baseada em vetores virais.
  • 16 – Empresa Farmacore em parceria com PDS Biotech e Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) – Vacina Versamune-CoV-2FC combina uma proteína recombinante com a nanotecnologia da plataforma Versamune.
  • 17 – Universidade Federal do Rio de Janeiro – Ácido Nucleico (RNA).

O número fornecido pelo Ministério da Saúde consta apenas pesquisas que estão sendo acompanhados pela pasta. Há outros estudos anunciados por universidades brasileiras que não estão na lista, o que eleva o número para mais de 20 projetos em busca de imunizantes para Covid-19 no território brasileiro.

A Universidade de São Paulo (USP), uma das instituições de pesquisa que assumiram o compromisso de desenvolver uma vacina do zero, por exemplo, tem sete projetos em andamento nos vários campi da universidade.

Vacina brasileira
| Reprodução/Jornal da USP

Duas candidatas da USP se encontram em fase mais avançada: uma vacina em spray nasal, do Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina (FMUSP), e outra nanoparticulada, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP). A vacina nanoparticulada  aguarda a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os ensaios clínicos de fase 1 e 2.

Segundo informações divulgadas pelo Jornal da USP, a ideia de desenvolver uma vacina contra a covid-19 indolor (spray nasal), bem aceita por crianças, gestantes e idosos, com tecnologia nacional e que ataca o vírus na porta de entrada para o organismo, começou em abril de 2020. Os estudos são liderados atualmente por Jorge Kalil Filho, diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FMUSP).

CT-Vacinas, da UFMG, desenvolve vacina contra Covid-19.
CT-Vacinas, da UFMG, desenvolve vacina contra Covid-19.| Divulgação/UFMG

Em Minas Gerais, pelo menos 10 projetos para desenvolver vacinas contra Covid-19 estão sendo desenvolvidos em três universidades: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

No último dia 19, os pesquisadores do Centro de Tecnologia em Vacinas (CT-Vacinas), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), anunciaram o início dos testes em primatas com uma das candidatas. O passo seguinte seria os primeiros testes clínicos.

Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), pesquisadores de diferentes áreas trabalham em uma vacina inovadora, utilizando uma nanopartícula. Mas os esforços dos pesquisadores correm o risco de não serem aproveitados. As negociações até agora com indústrias farmacêuticas com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não foram em frente.

Na avaliação de muitos cientistas envolvidos nas pesquisas, além do tempo exigido no processo de desenvolvimento de uma vacina, neste momento o Brasil não tem fábricas disponíveis para novos experimentos. As indústrias existentes no país (Fiocruz e Butantan) estão comprometidas com as produções da Coronavac e da vacina AstraZeneca/Oxford.

Vacina brasileira não ficará pronta antes de 2022

O ensaio das fases I e II, que avalia a segurança da vacina, tem duração de pelo menos seis meses. Depois, o ensaio clínico da fase III requer pelo menos três meses. No total, desde o início dos ensaios clínicos, o processo demora de 12 a 18 meses. Esses prazos demonstram que, mesmo que o país viabilize os estudos clínicos de algumas candidatas a vacina ainda neste semestre, como previsto, o Brasil não teria vacina própria contra Covid-19 antes de 2022, na melhor das hipóteses.

Outro problema é o financiamento dos projetos. Para os estudos clínicos são necessários altos investimentos. A Farmacore Biotecnologia, que desenvolve vacina em parceria com a americana PDS Biotechnology e a USP de Ribeirão Preto, estima que são necessários US$ 100 milhões (cerca de R$ 552 milhões, de acordo com a cotação atual) para as fases I, II e III.

O Ministério da Saúde diz que oito projetos de pesquisa foram contemplados com investimento do Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, por meio de chamada pública para apoiar projetos de pesquisa que contribuam significativamente para o crescimento científico e tecnológico do país sobre a covid-19 e outras síndromes respiratórias agudas. “Essa chamada pública foi lançada em abril de 2020, com o valor de R$ 65 milhões e apoiou 116 projetos de pesquisa sobre a doença”, afirma.

Os projetos de desenvolvimento de vacinas apoiados pela chamada pública do governo federal são:

  • Instituto Butantan – Vacina baseada em partículas semelhantes a vírus (VLP – Virus-Like Particle)
  • Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) – Ácido Nucleico (DNA)
  • Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) – Vacina baseada em nanopartículas
  • Universidade Federal de Viçosa – Vacina baseada em proteína recombinante
  • Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) – Vacinas baseadas proteína recombinante
  • Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Vacina baseada em nanopartículas
  • Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Ácido Nucleico (DNA)
  • Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo (USP) – Vacina baseada em vetores virais

Além dos projetos financiados pela chamada pública, o Ministério da Saúde afirma que apoia o desenvolvimento de projetos de plataforma inovadora de vacina para Sars-Cov-2 por meio de um RNA sintético, projeto submetido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o investimento de R$ 2,4 milhões.

O painel da Organização Mundial de Saúde que acompanha o desenvolvimento de vacinas contra Covid-19 no mundo registra até agora 264 projetos. Destes, 82 estão nas fases clínicas I, II e III (nenhum deles do Brasil) ou já tiveram aprovação. Os outros 182 ainda se encontram na fase pré-clínica. Do Brasil, apenas estudos pré-clínicos do Butantan, Fiocruz e USP são citados.

África do Sul e Brasil são os únicos países dos Brics que não desenvolveram vacina própria contra Covid-19. Rússia, China e Índia têm imunizantes já aprovados e em uso.

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