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Residentes do Iêmen demonstram apoio ao grupo palestino terrorista e pisam na bandeira de Israel
Residentes do Iêmen demonstram apoio ao grupo palestino terrorista e pisam na bandeira de Israel| Foto: EFE/EPA/YAHYA ARHAB.

Em 2021, a psicóloga e escritora norte-americana Pamela Paresky escreveu o artigo “Teoria crítica da raça e o judeu ‘hiper-branco’”. Foi um insight visionário sobre a onda de antissemitismo que vemos agora. É um raciocínio complexo e crítico sobre o que chamamos de identitarismo. Importante não confundir com lutas justas de grupos unidos por identidades sociais. Aqui se fala desse comportamento superficial, que não promove mudanças reais e tem como objetivo sinalizar virtude ao próprio grupo social.

O artigo é voltado para ideologias que policiam palavras e impedem discussões, muito presentes hoje em empresas e universidades. Ela discorre basicamente sobre conteúdos dentro das universidades norte-americanas que supostamente seriam úteis para combater o racismo ou formar antirracistas.

Toda sociedade evolui com base na liberdade de expressão, que é a mãe de todas as liberdades. A partir do momento em que ela é interditada, os avanços também são.

São teorias críticas que dividem o mundo entre oprimidos e opressores. Mas aqui há um detalhe importante, ignorar a realidade. Oprimido não é o indivíduo ou grupo realmente oprimido. Opressor não é o indivíduo ou grupo que realmente oprime. Todas as pessoas são colocadas em caixinhas que independem das ações reais delas e são relacionadas à origem biológica e realidade histórica. É um raciocínio em que seria impossível o indivíduo se libertar de suas origens biológicas, que passam a ser um destino inescapável.

São escolhidos, aleatoriamente, os grupos considerados oprimidos. Todos os que têm essa origem biológica ou condição sexual passam a ser necessariamente oprimidos. Os demais são necessariamente opressores, independentemente da realidade deles. Existe aqui mais uma camada. Se a pessoa negar essa lógica, passa a ser imediatamente opressora ou linha auxiliar da opressão. Quem aceita, mesmo que pertença a grupos opressores, deixa de ser opressor para ser aliado das minorias. Há ainda mais uma camada. Aqueles colocados na caixinha dos oprimidos têm razão em tudo. Tudo o que fizerem, mesmo os comportamentos opressores, passam a ser justificados por essa origem.

Isso significa também que, se a pessoa faz parte de um grupo considerado opressor, ela não tem razão em nada e qualquer ação contra ela passa a ser justificada. Se ela negar que é opressora, mesmo que apele à realidade e à própria biografia, será considerada uma sabotadora dos movimentos pelas minorias.

Um ponto que Pamela Paresky traz em seu artigo de 2 anos atrás é a ausência dos judeus nos grupos oprimidos. Dentro dessa lógica, ela previa que isso poderia reacender a chama do antissemitismo. Agora, com a guerra entre Israel e Palestina, isso se manifesta abertamente. As redes sociais andam assustadoras.

Estamos em um momento em que é preciso arriscar algo para continuar a evoluir. Apoiar quem rompe o silêncio nunca foi tão necessário.

“A justiça social crítica não é uma extensão da política liberal ou progressista, nem mesmo uma crítica a essas políticas. É, como seus proponentes mais sofisticados prontamente admitem, uma forma de antiliberalismo. Em "Critical Race Theory: An Introduction" (Teoria Crítica da Raça: Uma Introdução), Richard Delgado e Jean Stefancic explicam que ‘ao contrário dos direitos civis tradicionais, a teoria crítica da raça questiona os próprios fundamentos da ordem liberal, incluindo a teoria da igualdade, o raciocínio jurídico, o racionalismo iluminista e os princípios neutros do direito constitucional.’ Conceitos como o estado de direito, mérito, razão, conhecimento e até mesmo a verdade são vistos como ficções construídas pelo ‘cis-heteropatriarcado branco’ e são usados para perpetuar injustiças contra grupos BIPOC (Black, Indigenous, and People of Color, traduzindo, Negros, Indígenas e Pessoas de Cor)”.

Argumentos contra essa visão são rejeitados de imediato. Análises lógicas, ou qualquer pensamento independente que questione as premissas fundamentais da teoria, são considerados evidências de suspeita ideológica por parte do questionador e exigem ou educação ou ostracismo. Na verdade, a lógica em si é vista como uma ferramenta da supremacia branca, invalidando-a como uma forma legítima de apresentar um argumento. Talvez seja assim que as pessoas que aderem à ideologia da justiça social crítica podem ser cegas para o antissemitismo inerente dentro dela. Elas precisam adotar a doutrina como um sistema de crenças em vez de realizar o pensamento crítico necessário para trabalhar através de sua lógica interna.

Simplificando, o movimento da 'justiça social crítica', informado pela teoria crítica, representa um ataque não apenas aos conceitos fundamentais da democracia liberal, mas também à epistemologia que a sustenta. Isso é algo que deveria preocupar qualquer pessoa, judia ou não, que se preocupa profundamente com a liberdade e a razão. E também deveria preocupar a todos que desejam ver a verdadeira justiça social ter sucesso.", diz Pamela Paresky.

Como os judeus são excluídos dessa seleção de grupos, são automaticamente colocados na prateleira dos opressores. É a mesma do homem branco cis que quer perpetuar o patriarcado. A liberdade de expressão é o valor fundamental para discutir essa lógica e romper com opressões reais, promovendo transformação social.

Toda sociedade evolui com base na liberdade de expressão, que é a mãe de todas as liberdades. A partir do momento em que ela é interditada, os avanços também são. A maioria das pessoas está simplesmente calando com medo das consequências. Estamos em um momento em que é preciso arriscar algo para continuar a evoluir. Apoiar quem rompe o silêncio nunca foi tão necessário.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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