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Gabinete do amor do PT ataca o Congresso, mas não consegue reverter derrota

Hugo Motta
Presidente da Câmara comemorou decisão de Moraes que confirmou suspensão do aumento do IOF. No entanto, decreto do Congresso também foi afetado. (Foto: Vinícius Loures/Câmara dos Deputados)

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Na semana passada, o governo sofreu uma derrota no Congresso: a Câmara dos Deputados derrubou o decreto do presidente Lula que previa aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A medida foi rejeitada por ampla maioria. A condução do processo ficou a cargo do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Em vez de buscar recompor a base e negociar uma saída política, o governo reagiu com ataque. Segundo reportagem do Metrópoles, Hugo Motta passou a ser alvo de uma campanha coordenada de difamação nas redes sociais. Em apenas cinco dias, houve 882 mil menções ao seu nome, com mais de 5,4 milhões de interações. A maioria delas negativas, impulsionadas por perfis ligados ao campo progressista. Em paralelo, veio à tona que a Fundação Perseu Abramo, entidade vinculada ao PT, desenvolve um programa para oferecer suporte jurídico a influenciadores e comunicadores alinhados ao governo. A ideia é garantir proteção a quem atue “em defesa de pautas populares”, além de promover o “combate à desinformação”.

A tese de que “o povo quer pagar mais imposto” é simplesmente absurda. A militância se recusa a admitir o óbvio: o governo está tentando cobrir rombos que ele mesmo criou não cortando despesas

Na prática, trata-se de um gabinete de comunicação política paralelo, com estrutura organizada, verba pública e narrativa unificada. Os alvos? Congressistas, jornalistas, juristas e qualquer um que se oponha às medidas do governo. Não é Gabinete do Ódio, é Gabinete do Amor. É difícil não ver uma tentativa de reeditar o que o PT fez com sucesso em 2014. Naquele ano, Marina Silva liderava as pesquisas até se tornar alvo de uma campanha brutal de assassinato de reputação. O PT venceu aquela disputa. Mas o mundo mudou. E o eleitor também.

Hoje, o brasileiro já conhece a lógica das campanhas difamatórias nas redes sociais. Já viu esse mesmo roteiro ser usado por militantes profissionais e por agências de conteúdo travestidas de jornalismo. E aprendeu a identificar quando está sendo manipulado.

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A tentativa de assassinar a reputação de Hugo Motta não deu certo. Apesar do volume de ataques, o deputado ganhou visibilidade e protagonismo. Não por mérito do marketing dele, que sequer respondeu,  mas porque as pessoas sabem reconhecer um jogo sujo quando veem um. A campanha não surtiu efeito.

E há um componente ainda mais cínico nessa narrativa: fingir que o imposto proposto é uma taxação sobre super-ricos. O pior é a ideia de que as pessoas podem ser convencidas a ir às ruas para pedir aumento de imposto. A tese de que “o povo quer pagar mais imposto” é simplesmente absurda. A militância se recusa a admitir o óbvio: o governo está tentando cobrir rombos que ele mesmo criou não cortando despesas. Também pesa o fato de ter, de livre e espontânea vontade, perdoando dívidas bilionárias de empreiteiras envolvidas na Lava Jato e de grandes empresas envolvidas em irregularidades, como as Lojas Americanas.

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O presidente Lula, em outros tempos, teria resolvido essa crise com habilidade política. Teria imediatamente chamado os presidentes da Câmara e do Senado para um almoço, negociado, apaziguado. Mas o Lula de hoje é lento, reativo, isolado. E permitiu que sua base organizasse um ataque aberto ao Congresso Nacional, o que só enfraqueceu ainda mais sua posição. Principalmente porque o tiro saiu pela culatra.

Se o objetivo era demonstrar força, o efeito foi o oposto. A tentativa de intimidação revelou um governo desorientado, refém da própria militância e incapaz de aceitar derrotas democráticas. O slogan “Congresso inimigo do povo” faz parecer que voltamos aos tempos do AI-5, só que com dancinha no TikTok.

A verdade é simples: o governo perdeu mais uma vez. E não sabe o que fazer com isso. Em vez de tentar dar a volta por cima, se enrosca cada vez mais. Em vez de dialogar, ataca. Em vez de negociar, difama. E enquanto isso, a oposição assiste de camarote. Porque, neste momento, o maior inimigo do governo Lula é ele mesmo. Nem precisa mais de oposição.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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