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John McClane devia procurar o INSS
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Não se encaixa na proposta do Cinema em Casa fazer críticas ou comentários sobre filmes que estão em cartaz ou prestes a serem lançados. Até porque o pessoal do Caderno G, aqui da Gazeta do Povo, e o colega Paulo Camargo, do blog Central de Cinema, já fazem isso muito bem.

Mas desta vez sou obrigado a dar alguns pitacos sobre uma produção que eu, e certamente mais uma legião de fãs de filmes de ação, aguardava com ansiedade. Em visita rápida a São Paulo este fim de semana, fui assistir à quinta aventura de John McClane nos cinemas, Duro de Matar – Um Bom Dia para Morrer (A Good Day to Die Hard). Bruce Willis, lógico, permanece à frente da franquia.

Antes mesmo do filme começar, já tive alguns presságios de que aquela sessão ia ser uma bagunça só. Nas duas fileiras atrás de mim, uma trupe de crianças e adolescentes, entre 12 e 15 anos, transformou a sala em um playground, com direito a guerra de pipocas, risadas histéricas e outras atrações mais. Ao longo da projeção, aquela coisa de sempre: discussões com os outros espectadores, funcionários do cinema vindo dar sermão… Nada que qualquer espectador já não tenha vivenciado, infelizmente, em algum momento da vida.

Ao fim do filme, cheguei a pensar que talvez tivesse sido a companhia indesejada o principal motivo daquela experiência cinematográfica ter sido tão sofrível. Mas seria rabugice demais querer botar a culpa na gurizada. Duro de Matar 5 (vamos simplificar o nome) é tao desnecessário, deslocado e equivocado que a decepção, para quem sempre acompanhou os filmes da série, parece ser um efeito colateral tão certo quanto o anúncio de um novo filme de John McClane em breve.

Divulgação.
Duro de Matar – Um Bom dia para Morrer: inserção do “filho” de McClane não ajuda. Só atrapalha.

O quarto filme da franquia já havia estabelecido um novo patamar, pensando na “nova geração” de espectadores, sedentos por explosões, tiroteios com armas de última geração e cenas de ação tão mirabolantes quanto inverossímeis. Mas, convenhamos, foi divertido, ao menos. Tínhamos um vilão bem estabelecido, McClane e seu parceiro mirim compartilhavam uma certa química, e, mesmo fugindo de caças ou jogando carros contra helicópteros, o herói mantinha sua verve espirituosa original, esbanjando carisma e frases de efeito para cima dos bad guys.

O quinto filme mantém a formula “explosões, armas de ultima geração e parceiro mirim” mas parece abrir mão de vários elementos que fizeram Duro de Matar ser tão popular ate então. John McClane parece cansado, “sacudo”, como dizem por aí, apenas uma sombra do herói satírico e sacana que conhecemos desde o primeiro filme. Além disso, a história é apressada e o fiapo de roteiro – que, convenhamos, nunca foi mesmo o forte da série – serve apenas para interligar as cenas de ação, mais barulhentas mas menos inspiradas do que as vistas no filme anterior. Devido à estratégia de querer surpreender o espectador com algumas reviravoltas, o filme não possui um vilão definido, que sirva de contraponto à figura de John McClane. Bons tempos do saudoso Alan Rickman, o Hans Gruber do Duro de Matar 1.

Em meio à tudo isto, os roteiristas também acharam de bom grado inserir um novo personagem para a franquia, um filho de John McClane que deve ter surgido de geração espontânea, já que ninguém sabe de onde esse cara apareceu e não havia quaisquer menções a ele nos filmes anteriores. Mas, surpresa: o rapaz é um agente da CIA que sabe manusear armas e fugir de helicópteros tão bem quanto o McClane mais velho. O jovem, interpretado por Jai Courtney, é um ilustre desconhecido e, assim como o “pai”, parece estar no filme de passagem. A relação difícil entre os dois protagonistas tenta dar à trama um ar mais sério, com o herói em busca de redenção, mas o que vemos são aqueles velhos diálogos de sempre, na linha “eu sei que não fui um pai ideal, mas eu te amo, blá, blá, blá…”. Poderia ser emocionante. É constrangedor.

Divulgação.
É isso aí, John… tá na hora de pendurar as chuteiras e ir curtir a vida.

Duro de Matar 5 é mesmo o filme mais fraco da série. Poderia ser um filme de ação razoável, caso simplesmente desistisse de fazer menção à franquia e adotasse um título desses qualquer, tipo “Dupla Explosiva”, “Vingança na Rússia” ou “Uma Família do Barulho”. Afinal, o fato de termos Bruce Willis e seu John McClane como protagonista não parece fazer diferença alguma. Quer saber? Se aposenta de vez, John, e vai morar numa casa na praia. Você já nos divertiu o bastante.

*

E você, assistiu ao novo filme? O que achou? Façam suas próprias avaliações, afinal, pode ser que seja eu que tenha começado a semana mal humorado…

Ah, e pra lembrar os bons momentos da série, vale dar uma olhada no Top 5 com as seqüências de ação mais sacanas de Duro de Matar. Ainda bem que temos ainda quatro bons filmes pra ver e rever.

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