Acabo de voltar da manifestação com cerca de 6 mil pessoas que “invadiram” o Congresso Nacional. Fui preparado para uma barbárie – tiros de borracha, gás lacrimogêneo, depredação. Que nada.
Foi como uma grande confraternização. A maioria esmagadora era de pequenos grupos de amigos, com menos de dez pessoas. Havia casais de namorados, pais com filhos de menos de cinco anos e até estudantes do ensino fundamental.
Era muito difícil de entender quem liderava o que e qual era exatamente a pauta. Aliás, não vi nenhuma bandeira de partido político. Só gritos de guerra, que tinham como “homenageados” preferenciais Collor, Renan e, sim, Dilma.
Tinha gente defendendo a redução da tarifa, outros que queriam a reforma política. Havia um grupo pedindo o fim do voto secreto no Congresso e outros contrários à PEC 37, que retira poderes de investigação do Ministério Público.
Acho que talvez o grande barato da manifestação (pelo menos a de Brasília) tenha sido essa heterogeneidade. Não é preciso pertencer a um grupo para saber que há uma porção de coisas erradas na vida pública. O cardápio é farto e cada um pode “abraçar” uma causa.
Deu para perceber também que as pessoas estavam se sentindo bem por estar dentro do Congresso. Tinha uma garotada que só subiu até a marquise onde ficam as cúpulas da Câmara e do Senado para andar de skate…
Será que eles sabiam o que estavam fazendo ali? Mesmo que inconscientemente, acho que sim. Não foi só um ato de rebeldia. Ao ocupar o Congresso, o povo apoderou-se do poder.
Tomara que não seja só por um dia.
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