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Beto, Dilma e a ministra Miriam Belchior anunciam o metrô. Não hoje, mas em 2011. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Beto, Dilma e a ministra Miriam Belchior anunciam o metrô. Não hoje, mas em 2011. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

A presidente Dilma Rousseff (PT) recebe amanhã no Palácio do Planalto o governador Beto Richa (PSDB), na segunda audiência formal entre os dois desde que ambos tomaram posse. Muita coisa mudou desde o primeiro encontro, em abril de 2011. Se antes o ambiente era leve, agora a pauta levada a Brasília pelo tucano está carregada de tensão.

Naquela recepção de dois anos e meio atrás, Richa descreveu a herança que recebeu dos antecessores, Roberto Requião e Orlando Pessuti, ambos do PMDB. Em 40 minutos de conversa, relatou que a segurança pública do estado estava em situação “caótica” e narrou os legados negativos na administração do Porto de Paranaguá e na Copel. Saiu do gabinete presidencial declarando que a reunião simbolizava o primeiro passo de uma relação de “boa parceria” com o governo federal.

“Ela [Dilma] falou que conhecia minha fama de trabalhador, de político que cobrava resultados. E frisou que se 10% do que ela ouviu for verdade, vamos fazer grandes parcerias”, afirmou em entrevista a este colunista na época.

O relacionamento começou a mudar completamente de rumo dois meses após essa declaração, quando a presidente nomeou a então senadora Gleisi Hoffmann (PT) para a Casa Civil. Gleisi já era apontada como a principal rival de Richa em 2014. Depois de assumir o ministério que coordena toda gestão federal, a candidatura tornou-se inevitável.

Gradativamente, as justificativas do governador para as agruras admnistrativas do Paraná saíram do campo da “herança maldita” e se deslocaram para Brasília. Quase tudo o que acontece de ruim no estado caiu na conta de uma suposta perseguição feita pelo governo federal. Até Aécio Neves, o candidato a presidente pelo PSDB em 2014, comprou os argumentos do colega de partido e engrossou o tiroteio contra o Planalto.

É fato que, ao longo das últimas três décadas, o Paraná foi ficando cada vez mais distante das primeiras colocações entre os “queridinhos” da União. Subsequentes bancadas desunidas e pouco combativas no Congresso Nacional, combinadas com uma baixa representação na Esplanada levaram a esse cenário. Eis que se criou a expectativa de que tudo mudaria com a nomeação de três ministros paranaenses por Dilma – além de Gleisi, Paulo Bernardo (Comunicações) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência).

Como era de se imaginar, não se substitui um panorama construído ao longo de 30 anos de uma hora para outra, ainda mais em Brasília. Vai demorar um bom tempo para o Paraná recuperar os pedaços perdidos no orçamento federal. De qualquer forma, é positivo exercer o máximo de pressão possível para que isso aconteça – desde que a reclamação não se resuma a um subterfúgio para esconder dificuldades de se fazer a lição de casa.

Quando Dilma e Richa se sentarem frente a frente no Palácio do Planalto, o ideal é que se pense na tal “parceria” que ficou perdida após o encontro de 2011. Não faz sentido, inclusive eleitoral, manter o debate político no tom de um Fla x Flu entre estado e União. Eleição local é eleição local e vice-versa.

Aposto que quando você paga imposto não está nem aí em quem vai retribuí-lo, se a obra pública vai ter o carimbo de Curitiba ou de Brasília. Desde que, obviamente, o retorno seja adequado.

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