Pessoal, acompanhei ontem o debate da RPC-TV pela internet e escrevi o texto abaixo para a edição impressa da Gazeta do Povo:
Sem pesquisas recentes divulgadas e com um cheiro de empate técnico no ar, Beto Richa (PSDB) e Osmar Dias (PDT) partiram para o ataque mútuo no debate da RPC-TV. Tentaram forçar o erro do adversário, mas não houve caça nem caçador.
Nem por isso o confronto foi de baixo nível. Em uma disputa tão acirrada é fundamental que os candidatos sejam questionados ao vivo, diante de uma grande audiência. O problema foi o enfoque.
Ambos se preocuparam demais em medir as próprias biografias, apresentar erros que o outro supostamente cometeu no passado. Sobre o futuro, quase nada.
Beto falou genericamente a respeito da necessidade de investimentos para o estado. Osmar reafirmou que pretende solucionar a questão das altas tarifas do pedágio criando uma agência reguladora estadual para serviços públicos – proposta que já defendia na campanha de 2006. Faltou saber como cada um pretende gerenciar o quinto maior PIB do país.
No quesito “teu passado te condena”, várias alfinetadas. E quase todas antigas. Beto tentou pintar Osmar como inimigo dos trabalhadores por ter apresentado no Senado duas propostas para acabar com a multa de 40% do FGTS em caso de demissão por justa causa.
Do outro lado, o pedetista cobrou a renúncia do adversário da prefeitura de Curitiba. O tucano disse que pesquisas apontavam que 80% dos curitibanos queriam que ele concorresse ao Palácio Iguaçu. Osmar duvidou da porcentagem e aproveitou a deixa: perguntou por que a coligação de Beto insiste na batalha jurídica para impedir a divulgação de novas candidaturas.
A maior curiosidade do debate, porém, foi a correlação que ambos mantiveram com seus aliados na disputa pelo Palácio do Planalto. Nos primeiros segundos de fala, Osmar logo disse que acabara de receber um telefonema de Lula. Citou a parceria com o presidente o quanto pôde – mas não citou Dilma Rousseff (PT).
Outro personagem esquecido foi José Serra (PSDB). Beto criticou o opositor por recorrer a Lula, mas passou reto em qualquer possibilidade que teve de pedir votos para o candidato a presidente do próprio partido. Só lembrou dele ao falar sobre a ambiguidade de Osmar, que em julho teria prometido pessoalmente a Serra que concorreria à reeleição para o Senado.
Com olhos sempre para o passado, como nesses casos, ficou complicado para os indecisos saber o que pensam os dois favoritos para governar o Paraná. Se o objetivo era se diferenciar por ataques biográficos, mostrar desvios éticos do adversário, não deu certo. A quatro dias da eleição (e sem pesquisas para clarear a situação), o debate de ontem não conseguiu reduzir a nebulosidade da campanha.
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