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Estudantes, esterco e Papai Noel
| Foto:
Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Cheirando mal: estudantes espalham esterco na frente da Assembleia Legislativa do DF.

Reportagem publicada hoje pela Gazeta do Povo, feita em parceria com a colega Katia Brembatti, uma das desbravadoras dos diários secretos da Assembleia:

De forma simbólica, o movimento estudantil pretende queimar a “caixa-preta” da Assembleia Legislativa do Paraná hoje. Uma manifestação está marcada para as 13 horas, no Centro Cívico. “Vamos levar uma caixa representando os diários secretos e vamos incendiá-la, para mostrar que queremos o fim desse tipo de atitude dos políticos”, relata o presidente da União Paranaense dos Estudantes (UPE), Paulo Moreira da Rosa Junior. O movimento pretende ainda organizar manifestações maiores nos próximos dias.

“Não é pra começar e terminar amanhã [hoje]”, afirma Mario Sergio de Andrade, presidente da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES). Junior conta que ouve muitos relatos de indignação dos cidadãos, inconformados com os casos de irregularidades cometidas na Assem­­­bleia. A Coordenação dos Movimen­­­tos Sociais (CMS) declarou apoio ao ato organizado pelos estudantes. Outras entidades, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), prometeram reforçar a manifestação idealizada pela UPE.

Em Brasília, o movimento estudantil foi decisivo para evitar que as denúncias fossem esquecidas e levassem o ex-governador José Roberto Arruda à prisão e à perda do mandato.

Fantasias de Papai Noel, óleo de peroba e até estrume foram usados por estudantes para protestar contra os escândalos que envolvem o governo do Distrito Federal. Desde novembro, alunos de universidades e do ensino médio da capital mantêm uma sequência de manifestações produzidas para constranger políticos, chamar a atenção da população e arrebanhar cada vez mais participantes.

“As coisas só aconteceram porque houve pressão. Mostramos do nosso jeito que os responsáveis pela bandalheira eram eles e não a gente”, diz Raul Cardoso, coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Brasília (UnB). Segundo ele, as ações começaram com pouca estratégia e foram ganhando corpo com o desenrolar do mensalão distrital.

O ato mais drástico foi a ocupação da Câmara Legislativa, no começo de dezembro. Durante cinco dias, eles paralisaram o trabalho dos deputados, que manobravam para evitar o impeachment de Arruda. Entre as manifestações, um estudante se fingiu de morto dentro de um caixão com uma foto do governador no rosto.

“Como nós dormíamos no prédio da Câmara, isso gerou muita proximidade e os contatos para as novas manifestações”, conta Cardoso. Na internet, os estudantes encontraram as principais ferramentas para divulgação dos encontros: um blog e o Twitter (serviço de microblogs).

Duas semanas após a ocupação, estudantes fantasiados de Papai Noel entregaram fotocópias de dinheiro na saída dos shoppings. Quem recebia o papel era avisado sobre o presente – era só um pouco do que havia sido desviado pelo governo. “Os estudantes foram fundamentais no momento em que o Arruda mais articulava para transformar todas as denúncias em pizza”, explica o cientista político Ricardo Caldas, da UnB, especialista no estudo de corrupção.

Em janeiro, um dos atos de protesto foi espalhar estrume na entrada da Câmara. Mesmo com a prisão de Arruda, a pressão sobre os deputados distritais não diminuiu e, na semana passada, eles receberam vidros com óleo de peroba. “Era para mostrar que não nos esquecemos dos caras de pau”, afirma Cardoso.

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