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Crédito: Arnaldo Alves/AEN
Crédito: Arnaldo Alves/AEN| Foto:
Crédito: Josué Teixeira / Arquivo / Gazeta do Povo

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“Pato manco” é a expressão usada nos Estados Unidos para definir um prefeito, governador ou presidente que está no cargo por direito, mas que não consegue governar por falta de força política. Normalmente se aplica quando o sujeito não pode concorrer a mais um mandato, mas a eleição para sucedê-lo começou. É um fenômeno desencadeado por três fatores: crise de popularidade, fragmentação de aliados e fortalecimento da oposição.

O democrata Barack Obama não teve vida fácil em Washington depois que foi reeleito, em 2012. Atualmente, os republicanos têm maioria folgada tanto na Câmara quanto no Senado. Para impor algum tipo de agenda, precisa se virar para driblar o Congresso.

Lá, no entanto, o Parlamento é bipartidário. E, mesmo com todas as mazelas do bipartidarismo, é possível pelo menos ver com mais nitidez quem está do lado de quem. Obama vai levando a vida como pode, tentando conseguir respaldo via opinião pública – e até que o período eleitoral o torne um “lame duck” de vez.

No Congresso brasileiro, são 28 legendas representadas. Na Assembleia Legislativa do Paraná, que tem quase 11 vezes menos cadeiras, os deputados estaduais estão pulverizados em 17 siglas. É uma sopa de letrinhas que não faz bem para qualquer tipo de pato.

As manifestações do dia 15 de março, que deveriam ter fortalecido o poder de fogo da oposição, curiosamente vitaminaram o PMDB. Dois investigados na operação Lava Jato, os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, passaram a mandar no país. Não há perspectiva de mudança – para eles, é melhor que fique tudo como está e que Dilma Rousseff continue debilitada.

No Paraná, impressiona como o governador Beto Richa (PSDB) não consegue recrutar aliados que possam defendê-lo decentemente, tanto na Assembleia, quanto na bancada federal. Está certo que o padrão dos deputados estaduais não é lá essas coisas, mas o que se vê depois do episódio do camburão é uma completa falta de sincronia entre o Palácio Iguaçu e sua base parlamentar. Assim como no caso de Dilma, é a prova de que uma maioria conquistada apenas pela lógica do toma-lá-dá-cá pode se esfarelar mediante qualquer tipo de atrito.

Na bancada federal, ficou notória a perda de espaço de Richa com a eleição do novo coordenador. Ricardo Barros (PP), aparentemente um dos principais parceiros de Richa, jogou sozinho e precisou desistir de última hora para evitar uma derrota para João Arruda (PMDB), sobrinho do senador Roberto Requião (PMDB).

Nos corredores de Brasília, costuma-se dizer que, em político sem aprovação e (o pior) sem tinta na caneta, nem o vento bate nas costas. Outro ditado dos bastidores é que nenhum ser vivo da terra possui tanta capacidade de sobrevivência quanto um político. Enquanto um cidadão comum pode morrer afogado sem perceber que o barco está afundando, o político já está na praia vendendo salva-vidas.

Ainda assim, soa estranho o ar de abandono de Dilma e Richa com tão pouco tempo de seus novos mandatos. Quatro anos na política é quase uma eternidade. Há tempo suficiente para ambos tentarem uma volta por cima, embora os cenários de dificuldade de caixa em Brasília e Curitiba não sejam nada alentadores.

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