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Lerner e Requião na mesa do bar
| Foto:
Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Requião: vai uma água mineral com Lerner?

No auge das últimas primárias norte-americanas, a organização Rock The Vote, criada para estimular o voto jovem (ir às urnas por aquelas bandas não é obrigatório), fez uma série de enquetes para entender o que havia na cabeça da garotada. “Qual dos candidatos você convidaria para tomar uma cervejinha?” foi a questão mais genial. Uma barbada para Barack Obama, que venceu com 29% dos votos contra 22% de Hillary Clinton.

É tentador trazer a pesquisa para o Brasil. Mais ainda aplicá-la ao gosto do paranaense, como tira-teima de um antigo clássico da política local. Quem você convidaria para ir ao bar jogar conversa fora: Jaime Lerner ou Roberto Requião?

Lerner é ótimo de papo, bonachão. Inventou quase tudo aquilo que Curitiba tem hoje como referência (para o bem e para o mal), como as canaletas exclusivas para ônibus, a Rua das Flores, o Jardim Botânico.

Além disso, viaja pelo mundo pregando a sustentabilidade das cidades. Sem falar sobre a indicação da revista Time como um dos 25 pensadores mais influentes do mundo, divulgada na semana passada. História para contar é o que não falta.

Na verdade, só há um assunto que não agrada Lerner. É falar em política que ele sai pela tangente. Talvez seja pelas lembranças do tempo de governador do Paraná.

Comandar o estado foi possivelmente o único desvio na trajetória de Lerner. Se por um lado é reconhecido ao extremo como prefeito de Curitiba, é raro ouvir elogios sobre os feitos realizados por ele enquanto esteve no Palácio Iguaçu.

Enquanto ser prefeito permitia o trabalho de “acupuntura urbana” no qual ele tanto se diverte, ser governador exige fazer política quase 100% do tempo, um fardo para qualquer arquiteto que se preze.

Em entrevista à Gazeta do Povo publicada ontem, Lerner foi sucinto ao falar sobre as eleições de outubro. Disse que não estava acompanhando as movimentações. E que, caso estivesse, com certeza teria sono.

Segundo ele, falta inovação nas propostas dos principais candidatos – tanto para presidente quanto para governador. Na mesma linha, deu um puxão de orelhas nos conterrâneos que, entre outras coisas, sonham com o metrô em detrimento do atual sistema de ônibus. “É muito importante que Curitiba preste atenção em Curitiba.”

Corta para Requião. E se ele ganhasse a pesquisa? Inegavelmente também tem muito a dizer entre um chope e outro. É inteligente, perspicaz e se ganhou tantas eleições é porque sabe ser cativante.

A conversa, no entanto, correria em sentido contrário à de Lerner. Seria difícil escapar do assunto política. No fundo, seria como sentar com aquele amigo que adora falar mal dos outros (todos temos um desses, quando não somos o próprio).

Falando nela, dá para apostar uma caixa de cerveja qual seria o alvo de Requião. Nessa hora, daria uma vontade enorme de mudar a tal pesquisa e criar uma nova opção: levar os dois para boteco. Só assim um poderia falar tudo o que sente para o outro.

Seria como uma sessão de análise (bem mais útil para Requião) no lugar mais oportuno que existe. Afinal de contas, há certas diferenças que só se resolvem na mesa do bar. Se eles topassem, eu pagaria a conta.

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