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Meu vizinho Clodovil
| Foto:
José Cruz/ABr
Clodovil: muita polêmica, até nos vasos.

O Plano-Piloto, para quem nunca teve o desprazer de conhecer, divide os moradores de Brasília em castas.

Nas quadras de numeração 400 mora a peãozada, com prédios de no máximo quatro andares, quase sempre sem garagem e elevador.

Nas 200 ficam boa parte das autoridades e seus gigantescos apartamentos funcionais bancados por impostos pagos por pessoas como eu, que moro nas 400.

Por esse acaso da “genialidade” de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer acabei vizinho do deputado federal Clodovil. Do meu prédio na quadra 402 ao dele na quadra 202 deve dar uns 100 metros de distância.

Antes que alguém se fique atiçado pela curiosidade, nunca vi ele por essas bandas. Mas, como todos os prédios daqui não possuem grades, vi dois vasos pra lá de bregas que ele mandou colocar na portaria do andar onde mora.

Pois Clodovil acaba de morrer. E no fundo, dá aquela sensação de velório na vizinhança.

Clodovil não foi um grande deputado – muito pelo contrário. Nem ele deve saber o que veio fazer em Brasília.

Enfim, morreu sozinho, deslocado. Como último brilho, vai doar os órgãos.

Quanto aos vasos, continuam por lá.

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