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Na fila com Pessuti e Osmar
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Daniel Derevecki/ Gazeta do Povo
Richa, Pessuti e Osmar: tucano quer descolar dos dois.

Dizem que na política brasileira não existe fila. Em matéria de candidatura, quem cede a vez para um concorrente simplesmente desaparece da ordem de chegada. Às vésperas das convenções partidárias, o governador Orlando Pessuti (PSDB) e o senador Osmar Dias (PDT) se deparam (de novo) com esse problema.

Na última eleição estadual, a carreira de Pessuti virou de cabeça para baixo. Primeiro, ele teve de abrir mão da vaga de vice na chapa de Roberto Requião e abrir espaço para o então presidente da Assembleia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB). De troco, ganhou a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.

Como a aliança com os tucanos não vingou, Pessuti foi chamado às pressas para o antigo cargo. E a vaga no tribunal foi parar no colo de Hermas. Dois caprichos urgentes Requião, em dois sentidos opostos, plenamente atendidos.

Em 2002, Osmar era o candidato a governador de consenso. Contava com o compromisso de apoio de Requião, o que significava um caminho limpo pela frente. Ainda assim preferiu não trocar o certo pelo duvidoso e abriu mão da disputa em benefício do irmão, Alvaro Dias (PSDB).
Passaram-se os anos e as cenas se repetem.

Pessuti e Osmar sofrem pressões para desistirem das pré-candidaturas ao Palácio Iguaçu. A saída do peemedebista interessa mais uma vez a Requião e o pedetista agora está na mira do PSDB.

Sem a desejada aliança com os partidos da base de apoio ao governo Lula, Osmar vê reduzidas as chances de vencer Beto Richa (PSDB). Reduzidas, mas não destruídas, já que ambos permanecem em uma espécie de empate técnico.

Assim como em 2002, Osmar abriria mão da disputa para governador por uma reeleição teoricamente tranquila ao Senado. Em troca, seria agraciado com o Ministério da Agricultura em uma possível gestão Serra.

Tudo perfeito, mas ainda falta acertar com russos, ou melhor, os eleitores – como ensina a lição de 2002, quando Alvaro perdeu para Requião.

A situação do PMDB parece ainda mais um replay. Requião, que foi encaixando Pessuti da maneira que lhe cabia melhor em 2006, agora precisa limpar o trilho da disputa ao Senado. E a melhor maneira é fazer com que Osmar decida se candidatar ao governo, o que só ocorrerá com a formação de uma chapa que contemple PDT, PT e PMDB.

Para isso, Pessuti teria de abrir mão da candidatura – ou ser forçado a fazê-lo. Requião deixa claro sempre que pode o descontentamento com o antigo vice. Além disso, tem um trunfo na manga: a desistência interessa à aliança nacional entre PMDB e PT, que busca um palanque forte para a dupla Dilma Rousseff/Michel Temer no estado.

Tanto Pessuti quanto Osmar ainda têm clara na memória a lembrança das eleições recentes e tudo o que fizeram em prol de outros políticos. O destino, porém, colocou um contra o outro, em um jogo que lembra aquela brincadeira de quem aguenta mais tempo sem piscar o olho. Quem perder, sai da fila.

E, ao que tudo indica, para sempre.

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