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Eduardo Sciarra, presidente do PSD do Paraná. Crédito: Brizza Cavalcante/Ag. Câmara

Eduardo Sciarra, presidente do PSD do Paraná. Crédito: Brizza Cavalcante/Ag. Câmara

Beto Richa (PSDB) começou o segundo mandato falando em “exigir” que Brasília trate o Paraná com respeito. Não arrefeceu o discurso de que a maior parte dos problemas da sua primeira gestão foi provocada por um suposto boicote do governo federal. Ao mesmo tempo, sinalizou que quer (e precisa) dialogar.

Faltava definir alguém que tivesse condições de intermediar essa conversa. O escolhido foi Eduardo Sciarra, que tomou posse na sexta-feira como secretário-chefe da Casa Civil. Engenheiro, terá a missão de reconstruir as pontes de um relacionamento destroçado pela campanha eleitoral.

Sciarra não é um nome próximo ao núcleo político do Palácio do Planalto. Ao que parece, nem é essa a abordagem pretendida por Richa. A ideia é comer pelas beiradas, “driblar” as pendengas com a presidente Dilma Rousseff e partir para o estabelecimento de canais diretos com ministérios do setor de infraestrutura que não são comandados pelo PT.

É o caso dos Transportes, gerido pelo PR, Integração Nacional, pelo PP, e (especialmente) Cidades, sob tutela do PSD. As três legendas estiveram na megacoligação de 17 partidos que reelegeu Richa.

Deputado federal nas últimas três legislaturas, Sciarra foi um dos dissidentes do DEM que ajudaram a fundar o PSD, em 2011. É presidente estadual da legenda e membro da executiva nacional.

Não à toa, a posse dele foi prestigiada pelo principal cacique da sigla, o ex-prefeito de São Paulo e atual ministro das Cidades, Gilberto Kassab. Discretamente, a presença de Kassab simbolizou o primeiro passo na estratégia de reaproximação do Paraná com Brasília. O estilo “nem de direita, nem de esquerda, nem de centro” pregado pelo paulista tem dado resultado nos últimos anos.

Graças a ele, Guilherme Afif Domingos conseguiu a proeza de se equilibrar entre o cargo de vice-governador de Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo, e ministro da Micro e Pequena Empresa, em Brasília. O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, que era da ala do DEM que Lula falou em “extirpar”, se transformou no mais bem sucedido liberador de recursos do país.

Em 2012, Santa Catarina foi a primeira unidade da federação a conseguir recursos do Programa de Apoio ao Investimento dos Estados e do Distrito Federal (Proinveste). O Paraná foi a última, dois anos depois. E o dinheiro só saiu graças a uma decisão do Supremo Tribunal Federal.

Como o próprio nome já diz, o Ministério das Cidades é mais voltado para as administrações municipais. Há vários programas, no entanto, que incluem parcerias com os estados. O maior deles é o pacote de R$ 50 bilhões em obras de mobilidade urbana anunciado por Dilma em 2013, após os protestos pela redução nas tarifas em todo Brasil.

Difícil acreditar, contudo, que só a relação entre Sciarra e Kassab vai fazer a situação mudar de uma hora para outra. Nos primeiros dois anos do mandato passado, por exemplo, Colombo foi à capital federal 23 vezes e conseguiu agilizar quase R$ 3 bilhões em empréstimos, além de vários convênios. Foi só uma questão política?

Em março de 2013, ele disse, em entrevista à Gazeta do Povo, o que considerava fundamental para o sucesso no relacionamento com Brasília. “Tem que botar a papelada embaixo do braço e ir de lugar em lugar, de porta em porta. Não pode desanimar.”

Trocando em miúdos, gastar menos saliva com discurso e mais sola de sapato contra a burocracia. Sciarra pode sim refazer pontes com o governo federal, mas só Richa, em pessoa, poderá torná-las úteis.

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