“Tudo aquilo que aprendi sobre a moral dos homens, aprendi nos campos, jogando futebol.” A frase do escritor e filósofo franco-argelino Albert Camus é como uma senha para decifrar a relação entre os políticos e o esporte. E, se o Brasil é mesmo o país do futebol, nada mais natural que a política também gire em torno da bola.
Figurões atuais do quadro eleitoral estadual e nacional alimentam paixões genuínas pelo esporte. Algumas delas costuram trajetórias distintas – e são relevantes para entender o perfil de cada um. Talvez até o caráter.
Lula carrega no DNA e nos discursos a identidade de peladeiro. “Tem gente que não gosta do meu otimismo, mas eu sou corintiano, católico, brasileiro e ainda sou presidente do país. Como eu poderia não ser otimista?”, filosofou o petista em 2009, durante um dos picos da crise econômica internacional.
O ex-presidente sempre jogou bola. Reza a lenda que foi nos rachões entre deputados-constituintes, em 1988, que se aproximou de Aécio Neves (PSDB). Então com 28 anos, Aécio era um “craque” disputado entre os times de coroas – Lula, com 43, ficava na média.
Mineiro e festeiro, Aécio também é Cruzeiro. Até debaixo d’água. Dizem as más línguas de Belo Horizonte que torcer pela Raposa foi a única coisa que manteve a ligação dele com Minas durante a criação, no Rio de Janeiro.
Postulante à terceira via na disputa presidencial de 2014, o pernambucano Eduardo Campos (PSB) é Náutico. Curiosamente, o time também uma espécie de terceira via de Recife. Quem é Náutico não tem grandes dilemas em apoiar o Santa Cruz quando o objetivo é derrubar o Sport – e qualquer semelhança com a aliança atual entre PSB e PSDB contra o PT, nesse caso, não seria apenas uma coincidência moral, como diria Camus.
E a presidente Dilma Rousseff? Mineira que fez a vida no Rio Grande do Sul, ela diz ter o coração dividido: é Atlético-MG e Internacional. Quem gosta mesmo de futebol, no entanto, sabe bem que não existe essa história se colocar entre dois clubes – gostar até pode, mas amor de verdade, só por um.
No Paraná, a paixão mais aberta é a do prefeito Gustavo Fruet (PDT) pelo Coritiba. Em 1985, ele esteve na caravana organizada pelo pai, o então prefeito Maurício Fruet, que foi à final do Brasileiro contra o Bangu. Governador e candidato à reeleição, Beto Richa (PSDB) vive um ano de sorte nas quatro linhas – o time dele é o Londrina, que voltou a ser campeão paranaense depois de 22 anos.
Richa terá como adversária nas urnas a atleticana Gleisi Hoffmann (PT). Se o PMDB optar por candidatura própria, vai enfrentar outro rival rubro-negro, o senador Roberto Requião. A deputada federal Rosane Ferreira (PV) seria, nesse caso, a única coxa-branca na disputa.
Dizer que revelar o time dá voto em uma eleição majoritária talvez seja pretensão demais – o mais provável é que tire. A questão é que pelo menos deixa os políticos mais humanos. Apreciar futebol não faz mal para ninguém.
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