Virou costume tratar o Congresso Nacional como a Geni da República brasileira. Feito para apanhar, bom de cuspir, como diria Chico Buarque. Às vezes dá pena, o bullying da sociedade contra os parlamentares parece exagerado e injusto.
Só às vezes.
Nos últimos quatro meses, os deputados federais não votaram sequer uma proposição em plenário. No Senado, o inverno dura três meses. O motivo, é claro, as eleições.
Só que a disputa por vagas no Congresso acabou no dia 3 de outubro. Está bem, depois veio o segundo turno presidencial. Nada contra afastar-se de Brasília pela luta político-partidária, o problema é o abandono descarado da atividade legislativa.
Seria perfeitamente razoável organizar um esquema de trabalho de dois dias por semana ao longo da campanha ou pelo menos durante o mês passado. Afinal de contas, todos continuaram recebendo em dia o salário de R$ 16.512,09, mais as respectivas verbas indenizatórias e manutenção do cabide de assessores – o que joga a conta para mais de R$ 100 mil ao mês.
Não é preciso ser um especialista em recursos humanos para saber que é muito dinheiro para pouco resultado. Eles sabem que a conta não fecha e que apenas eles podem corrigi-la – é só criar uma regra de conduta para o período eleitoral. Aliás, congressistas são pagos para isso, criar leis.
Mas se eles próprios não querem entender, é difícil atenuar a fama de Geni ou contrariar a filosofia daquele novo deputado eleito por São Paulo. Por incrível que pareça, pior que está, fica. E como fica.
Ex-desembargador afirma que Brasil pode “se transformar num narcoestado”
Contra “sentença” de precariedade, estados do Sul buscam protagonismo em negociação sobre ferrovia
Câmara de São Paulo aprova privatização da Sabesp com apoio da base aliada de Nunes
Lula afaga o MST e agro reage no Congresso; ouça o podcast
Deixe sua opinião