Criado há três anos, o Partido Social Democrático (PSD) enfrenta em 2014 o primeiro teste em eleições estaduais e nacionais. A legenda idealizada pelo ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e definida pelo próprio como “nem de esquerda, nem de centro, nem de direita”, tem pela frente dois caminhos: se fixar entre as cinco maiores forças partidárias do país ou ficar estagnada no segundo escalão. Tudo começa pela decisão de descer do muro – em Brasília e Curitiba.
Até maio, o PSD nacional fazia força para se equilibrar entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e a presidente Dilma Rousseff (PT). Com a nomeação do vice-governador paulista Guilherme Afif Domingos para o Ministério da Micro e Pequena Empresa, a corda ficou bamba demais. Hoje sobram poucas dúvidas de que o partido vai estar na coligação de Dilma no ano que vem.
Fora São Paulo, contudo, cada caso continuará sendo um caso. Primeiro-secretário da executiva nacional e presidente do PSD no Paraná, o deputado federal Eduardo Sciarra diz que hoje o partido “não tem amarras” na disputa pelo Palácio Iguaçu. Trocando em miúdos: quer viabilizar um candidato próprio, mas todas as possibilidades de negociação estão abertas.
Em primeiro lugar, Sciarra garante que a candidatura do empresário Joel Malucelli para governador é para valer. “Só não sai se ele não quiser”, conta. Do lado de fora do PSD, poucos apostam que esse querer vai muito longe.
Sciarra diz que a única certeza é que não vai mais concorrer à reeleição para a Câmara. A prioridade dele é viabilizar uma candidatura ao Senado. É aí que entra a explicação para a tal ausência de “amarras” – poderia ser na chapa de Malucelli, na de Beto Richa (PSDB) ou na de Gleisi Hoffmann (PT).
O imbróglio é o fato de o partido não apenas apoiar a gestão Richa, mas também fazer parte dela. Dois filiados ao PSD ocupam secretarias estaduais, Reinhold Stephanes (Casa Civil) e Evandro Rogério Roman (Esportes). Em nenhum dos casos, segundo Sciarra, as escolhas envolveram um acordo político-partidário: Stephanes foi chamado pela experiência como ministro de quatro governos e Roman foi nomeado antes de se filiar à legenda.
Há também passivos da eleição de 2012. Até agora, não foi digerido o apoio de Richa a Marcelo Belinati (PP) contra Alexandre Kireeff (PSD), na disputa pela prefeitura de Londrina. O problema é que o governador teria se comprometido a não se engajar na campanha de Belinati, que acabou perdendo a eleição.
Do outro lado, haveria mais espaço de aproximação com o grupo de Gleisi. Não se sabe, contudo, até onde as raízes do partido, formado na maioria por ex-filiados ao DEM, permitiriam uma parceria com os petistas. Em qualquer hipótese nacional ou local, o fato é que o PSD, dono da quinta maior bancada da Câmara com 51 deputados, desponta como um contrapeso ao PMDB, segunda maior, com 82.
Se os peemedebistas romperem com Dilma, o PSD supre parte das perdas para os petistas. Vale o mesmo para o Paraná: se o PMDB ficar com Beto, o PSD seria fundamental para Gleisi. Não deixa de ser um jogo arriscado.
O PMDB se desgasta mais a cada eleição que abre mão de ser protagonista para barganhar alianças com a promessa da governabilidade. Esse modelo uma hora vai falir. Se não disser logo a que veio, o PSD tende a ser esvaziado por outros novos partidos, provando do mesmo veneno que inventou em 2011.
-
Relatório americano expõe falta de transparência e escala da censura no Brasil
-
“A ditadura está escancarada”: nossos colunistas comentam relatório americano sobre TSE e Moraes
-
Jim Jordan: quem é campeão de luta livre que chamou Moraes para a briga
-
Aos poucos, imprensa alinhada ao regime percebe a fria em que se meteu; assista ao Em Alta
Ampliação de energia é o maior atrativo da privatização da Emae, avalia governo Tarcísio
Ex-desembargador afirma que Brasil pode “se transformar num narcoestado”
Contra “sentença” de precariedade, estados do Sul buscam protagonismo em negociação sobre ferrovia
Câmara de São Paulo aprova privatização da Sabesp com apoio da base aliada de Nunes
Deixe sua opinião