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Sempre houve uma barbada na lista de previsões para o governo Dilma Rousseff. Não era preciso ser futurólogo para antever que o casamento entre PT e PMDB seria turbulento. O que poucos esperavam era que a instabilidade começasse tão rápido.

Trocas de farpas e críticas veladas eram comuns desde a campanha eleitoral. Mas nunca houve uma contundência tão escancarada quanto nas discussões sobre o Código Florestal, na semana passada. Quando a presidente mandou o recado de que a mudança no texto feita pelos peemedebistas era uma “vergonha para o Brasil”, ficou claro que a paciência se esgotou.

O episódio remete àqueles casais que costumam brigar entre quatro paredes e que com o passar do tempo começam a dar vexames em locais públicos. É esse tipo de situação que se vai se transformando em uma “vergonha para o Brasil”. E, como em quase todas as brigas matrimoniais, os dois lados têm culpa.

Para entender o desfecho, é bom lembrar o início dessa história. Desde que o PT foi fundado, em 1980, havia gente do MDB-velho-de-guerra desconfiada. Para eles, os petistas eram uma invenção norte-americana para dividir a esquerda brasileira – uma teoria da conspiração bem fajuta, por sinal.

Colhendo os louros da oposição ao regime militar, os peemedebistas dominaram a primeira década da redemocratização. Gostaram tanto do poder que nunca mais quiseram largar o osso. O gigantismo do partido, contudo, impediu a implementação de um projeto unificado e duradouro de poder.

Depois do governo José Sarney (1986-1990), a legenda se viu forçada a sentar na garupa de PSDB e PT. Antes da aliança formal com os petistas em 2010, o partido já havia tido um casamento frustrado com os tucanos. Em 2002, a então deputada peemedebista Rita Camata foi candidata a vice na chapa de José Serra.

Por muito pouco (quase nada) outro nome não foi escolhido para a vaga – o potiguar Henrique Eduardo Alves. Como atual líder do PMDB na Câmara dos Deputados, foi ele quem assinou a emenda ao Código Florestal que tanto irritou Dilma.

Com impressionantes 11 mandatos consecutivos, Alves já tem articulada a candidatura à presidência da Casa em fevereiro de 2013. Como se nota, é preciso ser rápido no gatilho para se movimentar no xadrez político de Brasília. Antes de iniciar qualquer relacionamento é necessário entender que todos já flertaram ou vão flertar com alguém em determinado momento.

Por isso o PT não pode se fazer de santo e também tem culpa no cartório. A sede de cargos e poder dos peemedebistas extrapola o limite do bom senso, mas não é uma novidade. É mais ou menos como uma mulher se casar com o Fábio Júnior, separar-se meses depois e achar que foi ludibriada.

Mas há ainda outro protagonista dessa novela. O eleitor também sabia (ou pelo menos deveria saber) sobre as incompatibilidades da união entre PT e PMDB. Agora não dá mais para meter a colher.

O jeito é esperar por uma conciliação. Ela ainda é melhor e até mais provável do que uma separação litigiosa.

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