• Carregando...

Após quatro meses de licença do mandato como deputado federal, Ratinho Júnior (PSC) voltou a Brasília na semana passada e avisou aos interessados que vai continuar sendo Ratinho Júnior. Ou seja, não irá abandonar o apelido herdado do pai e reaparecer como Carlos Roberto Massa Júnior. O nome de guerra pode até continuar o mesmo, mas a figura política mudou completamente.

Ratinho, na verdade, ainda está em mutação. Já não fala mais como o parlamentar de antes, assim como não decidiu o que vai fazer em 2014. Sabe que tem um capital eleitoral enorme, conquistado com o discurso do “independente” e do “novo”, que lhe rendeu 387.483 votos no segundo turno contra Gustavo Fruet (PDT).

Flerta, porém, com a possibilidade de seguir o caminho tradicional da política paranaense, aliando-se a outros grupos já estabelecidos. Ratinho desmentiu que foi convidado pelo governador Beto Richa (PSDB) para assumir a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano. Por outro lado, não disse o que faria se tivesse recebido a proposta.

É útil ler as entrelinhas das ações e declarações recentes do deputado. Depois da eleição, ele visitou Beto para “agradecê-lo”. O curioso é que o governador teria ficado supostamente neutro no segundo turno (Ratinho explicou que o agradecimento foi por Beto não ter impedido que gente do governo trabalhasse a favor dele).

Sobre o antigo alinhamento com o PT, disse que ele e o PSC devem continuar no mesmo lado no plano federal. Não esconde, contudo, o incômodo regional com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. “Não tenho o mesmo respeito que eu tinha por ela há quatro meses”, falou, em entrevista publicada pela Gazeta do Povo há quatro dias.

A respeito de Fruet, falou que o adversário age como “amigo” dos empresários de ônibus ao atrasar as obras do metrô de Curitiba. As críticas podem ter dois significados: ou a poeira da campanha não abaixou, ou ele já começa a se definir para 2014. Ao lado do grupo de Beto, obviamente.

A tendência a essa aliança com os tucanos corrói um pedaço do patrimônio construído por Ratinho em 2012: a independência. Ao decidir tomar lado em uma possível disputa entre Beto e Gleisi, vai optar por ser coadjuvante, pensando talvez em um voo solo a partir de 2018. A estratégia faz sentido, já que ele tem apenas 31 anos.

O problema é que Beto e Gleisi também são jovens. Ambos estão com 47 anos e têm fôlego para mais duas décadas de vida pública. Ratinho pode entrar na fila ou disputar uma melhor colocação por conta própria.

Ainda a respeito das últimas eleições, Ratinho reclamou do preconceito sofrido supostamente por não ser de uma família política tradicional de Curitiba. Uma das mágoas que ficaram, nas palavras dele, foi uma declaração de Gleisi de que o candidato dela (Fruet) tinha nome e sobrenome. Nessa parte a situação fica confusa, afinal de contas, ele só chegou aonde chegou por ser um outsider.

Por via das dúvidas, com ou sem preconceito, no nome ele não vai mexer. Por quê? “Jamais faria isso com um nome que só me deu alegria. Meu pai ficou milionário com esse apelido”, explicou.

***

Siga o Conexão Brasília no Twitter!

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]