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Crédito: Marcelo Andrade

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Políticos paranaenses estão há uma semana em “romaria” por Brasília na busca de alternativas para amenizar prováveis prejuízos para o estado com a venda do HSBC. Em reuniões com dirigentes do Banco Central, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), da CPI do HSBC e do Ministério do Trabalho (ontem à noite), parlamentares e a vice-prefeita de Curitiba, Mirian Gonçalves (PT), expuseram preocupação com a perda de arrecadação da capital e, principalmente, com demissões.

O esforço serve mais como instrumento de pressão sobre o comprador do que uma interferência de fato na negociação. Qualquer acordo que seja fechado precisa passar pelo aval do BC e Cade, mas há poucos instrumentos para interferir nas decisões “sociais” do que será feito após a compra. Há propostas de Santander e Bradesco pelo banco, além de especulações de uma possível entrada do Itaú e do Bancolômbia na concorrência.

Após o encontro com o presidente do BC, Alexandre Tombini, na semana passada, a senadora Gleisi Hoffmann (PT) disse que o diagnóstico do governo é de que o HSBC vai buscar uma saída “sem rupturas”. “Tombini afirmou que o BC também está atendo para atento para os aspectos concorrenciais, a estrutura para a viabilidade do negócio e a inclusão financeira da população.”

Os motivos para o fim da operação do banco no Brasil também serão abordados em audiência pública que será realizada nas próximas semanas pela CPI do HSBC. A comissão apura eventuais irregularidades sobre a participação de brasileiros no “Swissleaks”, escândalo de vazamento de dados bancários de uma agência do HSBC na Suíça.

Analista da agência de avaliação de risco Austin Rating, Luis Miguel Santacreu avalia que o BC pode até ser sensível às demandas sociais que envolvem o caso, mas que não poderá reverter uma perspectiva de demissões. Santacreu aponta que tudo depende do perfil do comprador. Se for um banco que já opera no Brasil, como Santander ou Bradesco, devem ser afetados principalmente os cargos da área administrativa, enquanto que uma empresa de fora pouparia esses postos, já que não teria estrutura no país.

O HSBC tem 7,1 mil funcionários em Curitiba, 5,8 mil deles empregados em cinco centros administrativos. 700 operam em desenvolvimento de software e 600 em agências. Além disso, pelos cálculos da prefeitura, o banco é o maior pagador de Imposto Sobre Serviços (ISS) da cidade. No ano passado, foram R$ 84 milhões, equivalente a 1,3% de toda arrecadação municipal.

“O melhor mesmo seria a fusão de um banco internacional com um banco local, o que devolveria ao estado um padrão do Bamerindus [banco paranaense comprado pelo HSBC]”, opina o coordenador da bancada paranaense no Congresso Nacional, deputado João Arruda (PMDB). Santacreu lembra, por exemplo, que o Cade interveio na fusão da Sadia com a Perdigão, forçando a Perdigão a vender para outros frigoríficos algumas unidades. E que, em 2008, a fusão entre Itaú e Unibanco não gerou demissões de início, que acabaram acontecendo com o decorrer do tempo.

“A apreensão sobre o desfecho do negócio se justifica. Não vejo uma coisa de mandar embora todo mundo no dia seguinte ao negócio, mas a tendência de qualquer jeito é de diminuir as vagas devido a uma análise de sobreposição: o novo dono está em busca de novos clientes e não ter gastos em dobro para determinadas atividades”, afirma o analista.

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