Rodrigo Oliveira: Mocotó, de pai para filho

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Ele está na lista dos 100 brasileiros mais influentes de 2010, segundo a revista Época. Rodrigo Oliveira, um paulistano de 28 anos, é um cara boa pinta e que conseguiu criar, na Vila Medeiros, um restaurante de renome. Rodrigo é o chef que os chefs escolhem quando saem para comer. Ferran Adrià e Juan Mari Arzak, quando estiveram em São Paulo, foram levados por Alex Atala até as mesas simples do Mocotó e ficaram encantados – assim como presidentes, celebridades, chefs estrelados e pessoas simples que passam por lá. Todos têm ali a mesma acolhida.

O Mocotó é peculiar. “De certo modo, fazemos um trabalho inédito, colocando um restaurante popular no panteão dos restaurantes gastronômicos da cidade. Outro fator de atração é a associação do restaurante e do menu com a brasilidade. Quando um chef passa pela cidade, ele quer conhecer o que há de mais representativo da sua cozinha”, explica Rodrigo.

“A cozinha foi entrando na minha vida ao longo do caminho, não ficava com minha mãe ou avó fazendo bolinhos de chuva na infância”, conta o chef, que queria mesmo ficar perto do pai, seu herói. Seu Zé Almeida saiu do sertão pernambucano e veio para São Paulo. Depois de muito trabalho, em 1973, abriu seu próprio bar na Vila Medeiros. E é aí que a história de sucesso começa. As pessoas se acotovelavam para tomar o caldo de mocotó, servido em copos. Com o tempo, o bar ficou pequeno e foi preciso uma filial, do outro lado da calçada.

Rodrigo ajudava, fazendo um pouco de tudo. Como o pai queria filho formado, foi cursar Engenharia Ambiental. Seu Almeida, então, teve de viajar a Pernambuco por algumas semanas. O jovem largou a faculdade e passou madrugadas trabalhando na reforma do restaurante. Na volta, o pai levou um susto e deu bronca. Rodrigo, então, começou o curso de Gestão Ambiental, mas o contato com um sujeito que estudava Gastronomia o fez mudar de rumo definitivamente. Formou-se em Gastronomia, fez estágios e percorreu o país em busca de referências.

O Mocotó é hoje um restaurante da cozinha sertaneja. O caldo, feito do mesmo jeito há quase 40 anos, e o torresminho crocante são irresistíveis. “Nossa abordagem em relação à tradição é vanguardista. Sempre pensamos como fazer melhor, seja defumar levemente nosso torresmo e prepará-lo à la minuta ou cozinhar nossa carne-de-sol em sous-vide”, revela o chef.

Seu Almeida, que adora um bom papo, vai diariamente ao Mocotó. Pai e filho têm orgulho da repercussão toda. “A receita para manter a casa por tanto tempo tem dois ingredientes: boa comida e hospitalidade. Mesmo parecendo simples, é algo que só se consegue com trabalho, sacrifício e muita paixão”, diz Rodrigo.

Serviço:

Mocotó Restaurante & Cachaçaria. Av. Nossa Senhora do Loreto, 1.100, Vila Medeiros, São Paulo – (11) 2951-3056 e www.mocoto.com.br