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Na série de entrevistas com presos políticos do 8/01, Cristina Graeml conversa com a administradora de empresas gaúcha Tatiane Marques, mãe de duas crianças pequenas, que ficou 4 meses presa na penitenciária da Colmeia, em Brasília. Ela chegou à capital federal na noite de 8/01 e foi direto para o acampamento em frente ao quartel do Exército, onde foi presa na manhã seguinte junto com outras duas mil pessoas.

Tatiane documentou tudo em vídeos que correram o mundo e ilustram esta entrevista. Ela foi solta em maio, sem maiores explicações, mediante uso de tornozeleira eletrônica e várias restrições que não costumam ser impostas nem mesmo a criminosos perigosos condenados, quando progridem para o regime de liberdade condicional.

"Quando nós chegamos (no presídio da Colmeia), de manhã cedo, estavam sendo liberadas presas comuns para darem vaga pra nós. As condenadas estavam sendo liberadas para dar vaga pra nós", relata Tatiane, acrescentando que ainda tiveram que ouvir piadinhas das presas libertadas sobre ideologia política.

Tatiane foi uma das presas que tiveram a oportunidade de conversar com o ministro Alexandre de Moraes quando ele esteve, junto com a presidente do STF, ministra Rosa Weber, visitando o presídio da Comeia. "Quando foi a minha vez de conversar com ele eu disse: tudo bem, ministro, o senhor já explicou a diferença de crime de natureza leve e de natureza grave, mas como eu faço parte das pessoas que nem na cidade de Brasília eu estava no momento dos atos, como é que fica a minha situação?", relata a administradora de empresas. E acrescenta: "Ele olhou nos meus olhos e disse assim: não se preocupe, esses com certeza serão todos absolvidos. E eu fiquei lá. Fiquei 4 meses presa".

A defesa de Tatiane pediu habbeas corpus, alegando inclusive que ela sequer estava na cidade no momento dos atos, o que foi comprovado pelo tacógrafo do ônibus e pelo depoimento do motorista que a levou de Santa Maria (RS) a Brasília (DF) e também como está registrado no geolocalizador de seu celular, que ficou apreendido pela polícia federal.

Entre as alegações para que sua liberdade fosse concedida também estava o fato de que ela é mãe de crianças pequenas, menores de 12 anos, o que, por lei, justifica a liberdade condicional. Os pedidos jamais foram atendidos.

Tatiane está em tratamento psiquiátrico e só consegue dormir com a ajuda de remédios. Aguarda o julgamento com tornozeleira eletrônica e tendo que se apresentar a um juiz semanalmente, coisa que criminosos perigosos não precisam fazer quando progridem para regime semi-aberto.

Assista à entrevista clicando no play da imagem que ilustra esta página. Depois deixe sua reação a este conteúdo e um comentário para contribuir com o debate.

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