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Olavo de Carvalho mostrou ao Brasil o que seria o “Império Mundial Eurasiano”.
Olavo de Carvalho mostrou ao Brasil o que seria o “Império Mundial Eurasiano”.| Foto: Reprodução internet

Temos a tendência de acreditar que a guerra é sempre algo a ser evitado. Mas, e se existisse um grupo que conquistasse fortunas com a venda de armas? E se este grupo tivesse influência nas decisões relacionadas à política externa americana? Bem, esta é uma realidade que pode não estar muito distante da materialidade factual. O Complexo Industrial-Militar existe. Todavia, seria ele tão poderoso? Poderia ele estar otimista com a possibilidade de lucrar com um novo confronto de proporções globais, a partir da disputa entre Rússia e Otan pelo território ucraniano? Analisemos.

O termo “Complexo Industrial-Militar” ganhou notoriedade quando citado pelo presidente dos Estados Unidos Dwight D. Eisenhower em seu discurso de despedida, no ano de 1961. Vale lembrar que ele também foi general cinco estrelas durante a Segunda Guerra Mundial. O texto trouxe uma forte crítica, quando foi dito que, “nos conselhos de governo, devemos nos precaver contra a aquisição de influência injustificada, procurada ou não, pelo Complexo Industrial-Militar. O potencial para a ascensão desastrosa do poder deslocado existe e persistirá”. A fala aconteceu no contexto da Guerra Fria, quando a disputa com a antiga União Soviética ainda justificava volumosos gastos com equipamentos bélicos. Entretanto, com o enfraquecimento da tensão internacional após da queda do Muro de Berlim, os “Senhores da Guerra” não ficaram desamparados. Não demoraria até que novos conflitos surgissem e mantivessem a indústria armamentista bem aquecida.

O atual reaquecimento da tensão internacional, que deu início à chamada “Guerra Fria 2.0”, abriu oportunidades para um novo pico na venda de armas. Por meio de pressão exercida sobre Washington, o Complexo Industrial-Militar consegue instigar a aprovação de orçamentos bélicos cada vez mais robustos. Entre os grupos que se dedicam a fazer a ponte com o sistema político, estão a Associação Industrial de Defesa Nacional e think tanks como o Lexington Institute e o Atlantic Council, que advogam ferozmente a favor do aumento de gastos para conter a “ameaça” russa.

Ninguém nega que as atitudes de Moscou inspiram preocupação. Porém, até que ponto há um interesse de Washington em deflagrar uma guerra na região? Cada vez mais a União Europeia, a Otan e os Estados Unidos têm colocado armamentos nas fronteiras russas e completamente ignorado os pedidos do Kremlin para que recuem. Alguns analistas defendem que Putin está agindo meramente em reação aos avanços bélicos contra o seu país. Outros entendem, todavia, que pode haver também um interesse russo no conflito.

Em artigo de 23 de maio de 2011, intitulado “O futuro que a Rússia nos promete”, o prof. Olavo de Carvalho (que infelizmente nos deixou ontem, uma perda inestimável) trouxe uma nova interpretação sobre os planos russos para o futuro. Analisando as ideias do pensador Alexandr Dugin, Olavo apresentou o conceito de “Império Mundial Eurasiano”, que seria uma espécie de governo global liderado pela Rússia, composto por dois eixos. O primeiro, o “polo oriental”, encabeçado pelos países islâmicos, Japão e China. O segundo, ocidental, composto pelo eixo Paris-Berlim-Moscou. Para tanto, seria necessário destruir o Ocidente, visto por eles como “fonte de todos os males”. Podemos até considerar que esta parte do plano obteve sucesso. Basta observar a decadência ocidental, principalmente em termos morais, espirituais, intelectuais e políticos. Vale lembrar que, em muitos casos, essa degradação foi viabilizada pela propaganda russa no sistema educacional, cultural, midiático e social.

Olavo lembra que a ideia russa de controlar o mundo não é nova. Stalin teria buscado esse objetivo, que somente não teria sido concluído devido à incapacidade de construir, em tempo suficiente, uma marinha forte o bastante para vencer as potências ocidentais. Assim como a Segunda Guerra Mundial elevou os Estados Unidos à condição de superpotência global, de “xerife do mundo”, uma eventual Terceira Guerra conduziria a Rússia, segundo o projeto Eurasiano, ao topo da hierarquia global. A ideia é desenvolvida com mais detalhe no livro “Os EUA e a Nova Ordem Mundial”, em que Olavo reuniu uma série de debates com Alexandr Dugin.

No final do artigo citado, o professor Olavo deixa um importante alerta. Os russos esqueceram que o último império antes do Juízo Final será exatamente aquele que as Escrituras chamam de “Império do Anticristo”. Não sei se veremos o advento de um anticristo nos moldes de Nietzsche ou conforme o modelo bíblico, mas é difícil de negar que vivemos hoje num cenário completamente escatológico.

Que Deus nos projeta dos “anticristos” e console os familiares do prof. Olavo, que tantos nos ajudou a enxergar a verdade sempre negada às massas. Descanse em paz.

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