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A Bíblia é cheia de histórias curiosas e repleta de ensinamentos. Mesmo para aqueles que não creem em sua inspiração divina, seu conteúdo é de uma sabedoria única, que nos é revelada e serve à nossa edificação.
Há relatos preciosos que nos interpelam e nos fazem pensar. Um deles é aquela passagem em que Jesus cura dois endemoniados, expulsando os espíritos maus e transferindo-os para uma manada de porcos que, em seguida, caem no abismo.
Embora essa história esteja presente nos três evangelhos sinóticos, apenas em Mateus há a referência expressa ao detalhe de que eram dois os endemoniados gadarenos, e esta particularidade se encaixa bem na reflexão que queremos colocar neste artigo.
No relato bíblico em Mateus, os gadarenos se aproximam de Jesus e Ele expulsa os demônios dos dois. Os espíritos malignos pedem para que Jesus os mande para uma manada de porcos e, em seguida, eles despencam em um desfiladeiro. Os moradores daquele lugar, então, expulsam Jesus dali.
A correlação dessa história com o que estamos atualmente vivendo é impressionante.
Ao ler esta passagem, muitos se perguntam por que expulsaram Jesus. Acontece que, assim como na nossa sociedade atual, para a grande maioria, o monetário é mais importante do que a pessoa.
Mesmo Jesus tendo salvado os dois homens, o fato de uma manada inteira de porcos ter sido perdida ocasionou uma intensa indignação naquele povo fazendo com que ordenassem que Ele se retirasse daquele local.
Hoje, estamos vivendo algo bastante semelhante em nossa sociedade. Deixamos de enxergar o essencial e nos focamos apenas no aspecto econômico.
Exemplo disso é a questão sobre o abortamento de crianças periviáveis. Embora tenham viabilidade para sobreviver fora do útero, com idade gestacional de 20/22 semanas é imprescindível a utilização de UTIs neonatais e seu custo diário é particularmente alto em razão da complexidade dos cuidados demandados por um bebê nessa situação.
Com uma média de R$ 700 ao dia, a manutenção de um bebê nessas unidades de terapia intensiva ultrapassa o valor de cem mil reais para garantir o direito à vida dessa criança.
Por isso, ao invés de salvá-las, estamos preferindo que elas morram através da Assistolia Fetal
A Assistolia Fetal é um processo lento e dolorosíssimo que se encontra atualmente justificado não só pela ausência de comiseração de nossos juízes da Suprema Corte, como também pelo inegável apelo monetário, já que, como dissemos, matar esses bebês é muito mais viável economicamente do que salvá-las em uma UTI neonatal.
Como podemos ver, nossa atual situação guarda intensa similitude com a história narrada no Evangelho de Mateus. Ali, dois gadarenos foram salvos às custas de um grande prejuízo financeiro e, por isso, expulsaram Jesus. Hoje, a cada dia, duas crianças são mortas pela Assistolia Fetal e ai de quem tentar salvá-las.
O valor dos porcos e da UTI continuam sendo a métrica de nossas ações. Nosso semelhante? Não importa.
Conteúdo editado por: Aline Menezes




