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Arte: Felipe Lima
Arte: Felipe Lima| Foto:

Jaguara, o Animador de Velórios dos Campos Gerais, desceu a serra de São Luiz do Purunã rumo a Brasília. Como sempre faz de quatro em quatro anos, vai acompanhar o processo de transição a pedido de Jair Bolsonaro. Velório conjunto dos desgovernos de Dilma Rousseff e Michel Temer.

Declarando-se sinceramente honrado com a lembrança de seus préstimos profissionais, deixou bem claro que – além dos conchavos palacianos de fim de feira com parlamentares aliados e demais autoridades dos três poderes – também vai fazer questão de acompanhar as derradeiras sessões no plenário da Câmara e do Senado: “Estou acostumado a lidar com muita gente em torno de falecidos! O que é o caso dos presidentes Rodrigo Maia e Eunício de Oliveira!” – explica o Jaguara, a grande celebridade das bandas de Ponta Grossa, Tibagi, Castro, Palmeira, Lapa, São João do Triunfo, União da Vitória, Palmas e Guarapuava.

Tomando um Campari no Aeroporto Afonso Pena, o Animador de Velórios fala sobre um fenômeno sobrenatural que vem ocorrendo em Brasília: “Não tenho medo de assombração. Mesmo assim, me borro nas calças quando tenho de animar velório de zumbis”. “Zumbis em Brasília? Seriam eles descendentes do Zumbi dos Palmares?” – perguntou um circunstante que acompanhava a entrevista. “Não. O Zumbi dos Palmares foi o líder negro do Quilombo dos Palmares nas Alagoas. Apunhalado nas costas com mais 20 guerreiros em 1695, teve a cabeça cortada, salgada e exposta em praça pública, visando desmentir a crença do povo sobre a lenda da imortalidade de zumbis. Os Zumbis da República são os mortos-vivos da política destinados a perambular nas páginas da história. O que é o caso do presidente Michel Temer, que se tornou um zumbi desde quando tomou a caneta de Dilma Rousseff”.

“Seria o mesmo destino imputado ao senador Roberto Requião, apunhalado nas costas pelos eleitores do Paraná?”. “É o mesmo mistério! O senador, depois de pendurar as chuteiras, vai ficar zanzando nas redes sociais, se arrastando pelos cantos da Boca Maldita. Enquanto não aparecer um bom exorcista, o abjurado não deve entregar o osso. Não se enganem: Roberto Requião ainda não está morto! Teimoso de nascença, esse Mello e Silva é bem capaz de ressuscitar no sétimo dia”.

Enquanto o Animador de Velórios tomava um cafezinho no aeroporto, o repórter insiste: “Como especialista em desfortúnios, para o senhor o revés eleitoral de Roberto Requião tem explicação?”. “As cartolinas! Faltaram para o senador as cartolinas do Brizola. Certa feita, perguntaram ao engenheiro Leonel Brizola qual seria a melhor forma de se apresentar ao eleitorado: Bastam umas cartolinas, assegurava o engenheiro. Se no lugar do Twitter o senador Roberto Requião usasse e abusasse de algumas cartolinas, tudo teria sido muito diferente. Veja o exemplo do Bolsonaro: a campanha dele foi tão franciscana, tão simplória, que só faltaram as cartolinas do Brizola”.

“Além de Roberto Requião, quem seriam outros notáveis zumbis da República?” – questiona o repórter. “É grande a lista dos fracassados. Toda a família Sarney, Aécio Neves, Dilma Rousseff, Eunício de Oliveira, Romero Jucá, Edison Lobão, José Serra, Vanessa Graziottin, Geraldo Alckmin, Vicentinho, Paulo Bauer, Cássio Cunha Lima, Antônio Palocci, Guido Mantega, Maria do Rosário, Cristovam Buarque, Lindbergh Farias, Miro Teixeira, Eduardo Suplicy, Chico Alencar e até o ilustre ministeriável Magno Malta. Dos casos recentes, os mortos-vivos da Lava Jato, sem dúvida o caso mais clamoroso é do deputado Eduardo Cunha. O indigitado está condenado a vagar pelas ruas brumosas de Curitiba, imaginando-se ainda presidente da Câmara. Só depois de muitos e muitos anos em caminhadas peripatéticas pelas cercanias da Polícia Federal, arrastando correntes em frente ao cárcere do Lula, será possível tentar convencer o homem a se esticar no caixão”.

“Por último e não menos importante, o ex-governador Beto Richa pode ser considerado mais uma alma penada?”. Jaguara sopesa as palavras e responde: “Beto Richa precisa reconhecer que um dos seus maiores erros foi deixar de investir pesado na infraestrutura do sistema penitenciário de Curitiba, onde as prisões não foram planejadas e nem adaptadas ao alto padrão dos Zumbis da República”.

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