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Eduardo Cunha (MDB-RJ) comemora ao lado de correligionários a vitória na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, no início de 2015. Foto: Laycer Tomaz/Arquivo Câmara dos Deputados
Eduardo Cunha (MDB-RJ) comemora ao lado de correligionários a vitória na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, no início de 2015. Foto: Laycer Tomaz/Arquivo Câmara dos Deputados| Foto:

No acordo de colaboração premiada que fez com o Ministério Público, e que serviu de base para a deflagração da Operação Rádio Patrulha, o ex-deputado estadual e empresário Tony Garcia menciona que o deputado federal Valdir Rossoni (PSDB-PR) pediu dinheiro a ele para votar a favor de Eduardo Cunha (MDB-RJ), ex-presidente da Câmara dos Deputados, e hoje preso no âmbito da Operação Lava Jato. Tony, que se declara amigo de Cunha, não explica se de fato deu o dinheiro a Rossoni, uma quantia de R$ 5 milhões. A defesa de Rossoni, por sua vez, diz que o relato do delator “não é verdadeiro”.

Na delação, o episódio envolvendo Rossoni surge no momento que Tony tenta explicar aos investigadores o motivo de um estremecimento na sua relação com o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB).  “O próprio Beto falou para mim que jamais traria Rossoni para dentro do governo, que eu poderia cuspir na cara dele se ele fizesse isso. Porque a gente tinha sido deputado junto e ele sabia que o Rossoni só pensava em negócio e era ladrão. Porque eu tinha falado para ele que o Rossoni pediu R$ 5 milhões para mim, para votar com o Eduardo Cunha na coisa do Conselho de Ética lá (…). Mas um dia [o Beto Richa] botou o Deonilson [Roldo] para ir no meu escritório pra me convencer que ele precisava do Rossoni porque ele era pavão e precisava dele lá dentro”, falou Tony.

Eleito deputado federal nas urnas de outubro de 2014, Rossoni ficou cerca de 15 meses na Câmara dos Deputados antes de assumir a cadeira de secretário-chefe da Casa Civil no governo do Paraná, no início de 2016.

Em entrevista à Gazeta do Povo na noite deste domingo (16), Tony voltou a falar de Rossoni. Não mencionou o dinheiro. Mas deu outros detalhes sobre a atuação de Rossoni em Brasília. Segundo Tony, Rossoni contrariou o PSDB e votou a favor de Eduardo Cunha na eleição que colocou o emedebista na presidência da Câmara dos Deputados, logo no início de 2015. “Eu estava na Câmara naquele dia e eu entrei na cabine de votação com o Rossoni para ver que ele estava votando a favor do Eduardo. Rossoni queria ficar bem com o Eduardo”, iniciou ele, na entrevista que concedeu aos jornalistas.

Tony também disse que, no final de 2015, quando Cunha já era alvo do Conselho de Ética da Casa, Rossoni se ofereceu para votar a favor dele no colegiado. Rossoni teria avisado a Tony que o então líder da bancada do PSDB na Casa, Carlos Sampaio (SP), havia se comprometido a oferecer dois votos de parlamentares tucanos a favor do emedebista no Conselho de Ética – um dos votos seria o de Rossoni. Em troca, a bancada do PSDB cobrava de Cunha a deflagração do processo de impeachment contra Dilma Rousseff (PT), o que de fato ocorreu, em 1º de dezembro de 2015.

“Rossoni me manda mensagem dizendo que estava em um almoço com Carlão. E que, se o Eduardo levasse o impeachment para o plenário, eles dariam dois votos no Conselho de Ética, um deles do Rossoni. Eu falei isso para o Eduardo”, contou Tony à Gazeta do Povo.

Em 15 de dezembro de 2015, Rossoni chegou a participar da votação no Conselho de Ética que aprovou o parecer preliminar pela continuidade do processo contra Cunha. O paranaense estava entre os parlamentares que votaram contra o emedebista, a favor da continuidade do caso. Elaborado pelo deputado federal Marcos Rogério (DEM-RO), o parecer preliminar depois foi contestado, e a votação acabou anulada.

Rossoni se licenciou do mandato em 2016 e só voltou para a Câmara dos Deputados no início deste ano. Ele deixou a Casa Civil de Beto Richa para poder se candidatar à reeleição.

A Operação Rádio Patrulha, deflagrada na terça-feira (11), levou Beto Richa e outras 14 pessoas para a prisão. Todos foram liberados na sexta-feira (14), por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.

Outro lado

O blog De Brasília ligou para o parlamentar, mas não houve retorno. O advogado do tucano, José Cid Campêlo Filho, disse que “não tenho conhecimento da delação”, mas que o relato de Tony Garcia “não é verdadeiro”. “Vamos pedir a cópia da delação e a nulidade dela. Não aceitamos que o Ministério Público faça um acordo com um conhecido ficha suja. Também estudamos pedir uma indenização por danos morais”, antecipou Cid.

Veja a entrevista de Tony Garcia na íntegra:

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