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José Janene, ex-deputado federal pelo PP. Foto: R. R. Rufino / Jornal de Londrina

José Janene, ex-deputado federal pelo PP. Foto: R. R. Rufino / Jornal de Londrina

O empresário Hermes Magnus, dono da empresa Dunel, que foi usada pelo ex-deputado federal José Janene (PP – morto em 2010) para lavar dinheiro do Mensalão, pediu ao juiz federal Sergio Moro que estabeleça em R$ 2,3 milhões o valor para reparação de danos causados pelo esquema. O caso da Dunel foi descoberto depois de denúncias de Magnus e virou duas das ações penais referentes à Operação Lava Jato.

Segundo o documento protocolado pela defesa, “após operações de compra e pagamentos suspeitos, a vítima Hermes Freitas Magnus, se deu conta que, na verdade, os recursos ‘investidos’ na empresa, para aquisição de máquinas e equipamentos, bem como, pagamento de despesas de terceiros ou ordinárias, como salários e pró-labore, tinham o objetivo de dissimular e ocultar a origem ilícita dos mesmos”. O documento diz ainda que Danielle Janene, filha do ex-deputado, “tinha participação efetiva nos atos de gestão da empresa”.

O caso da Dunel deu origem a duas ações penais na Lava Jato. Na primeira, o doleiro Alberto Youssef e outros três réus já foram condenados pela lavagem de R$ 1,1 milhão do Mensalão. O valor de R$ 1,1 milhão, proveniente da propina recebida por Janene no Mensalão, foram investidos na empresa Dunel Indústria.

A segunda ação penal ainda está em curso e tem entre os réus a filha de Janene Danielle Janene, os irmãos do ex-deputado Assad Jannani e Meheidin Jenani, entre outros.

No documento em que pede indenização, a defesa alega que Magnus e Teodora [sua sócia na emrpesa] precisaram mudar repentinamente de cidade “para fugir de ameaças dos réus” e, por este motivo, “bens móveis foram compulsoriamente abandonados”. A defesa apresenta um inventário e afirma que o prejuízo efetivo com a perda dos bens chega a R$ 870,8 mil. Com a atualização monetária, o valor chega a R$ 1,4 milhão. A defesa calcula o prejuízo material total em R$ 2,3 milhões, somados os equipamentos, protótipo e valores pagos em ações trabalhistas.

Não constam no inventário, segundo a defesa, bens intangíveis como o valor da marca Dunel, o valor da carteira de clientes e o conceito do negócio e reputação da empresa. Segundo a advogada, eventuais indenizações por “dano moral (abalo psicológico) e os prejuízos de natureza intangível (pesquisa e desenvolvimento de protótipos, valoração da marca Dunel, valoração da carteira de clientes e etc) serão objeto de pleito reparatório na esfera cível”.

Entenda o caso

Em 2008, os proprietários da Dunel, Hermes Freitas Magnus e Maria Teodora Silva, buscavam investidores para o desenvolvimento do negócio. O ex-deputado José Janene foi indicado como potencial investidor.

O ex-deputado investiu na empresa R$ 1.165.600,08, dinheiro obtido por meio do esquema no Congresso. Entre as exigências para fechar o negócio, estava a de que a empresa Dunel mudasse sua sede para a cidade de Londrina. Além disso, ficou acordado que Janene seria sócio da empresa; sua filha, Danielle Kemmer Janene, diretora comercial; seu primo, Meheidin Hussein Jenani, gerente de fabricação; e Carlos Murari, gerente financeiro.

A Dunel foi utilizada para ocultar e dissimular a origem ilícita dos recursos injetados na empresa. Segundo o MPF, os proprietários foram induzidos ao erro e não sabiam que os recursos vinham do esquema do Mensalão. Os valores eram transferidos da Dunel para a JN Rent a Car Locadora de Veículos, de propriedade do irmão do ex-deputado, Assad Janani.

Em 2014, o empresário Hermes Magnus, em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, detalhou o esquema.

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