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Surface: a série com monstros marinhos
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Divulgação
O elenco de “Surface”

“Há algo na água”. O slogan de Surface já dava alguns indícios sobre o que se tratava a série de ficção científica que teve apenas quinze episódios entre 2005 e 2006: monstros marinhos gigantes. A premissa me instigou por algum tempo até que resolvi me aventurar pela primeira e única temporada da série há algumas semanas. Gostei do resultado, mas também entendi o motivo do cancelamento prematuro.

O seriado, que por aqui passou no Universal Channel, acompanha personagens conectados pelo aparecimento de grandes criaturas no oceano. Rich (Jay R. Ferguson) viu o irmão ser levado por um dos monstros. A bióloga Laura Daughtery (Lake Bell) viu um dos animais quando fazia uma exploração subaquática. Juntos, os dois lutam para impedir que o governo mantenha a descoberta em silêncio.

O mais interessante na relação do casal de personagens é o fato de que, apesar de dividirem inúmeras situações íntimas, não há envolvimento amoroso. Ele é casado – e um dos conflitos explorados na série é o distanciamento que teve da família – e ela é apaixonada por milionário.

Além da trama conspiração-governamental, a série tem um segundo núcleo de personagens encabeçado por Miles Barnett (Carter Jenkins). O adolescente encontra um ovo estranho (que já sabemos ser de um lagarto marinho) e decide jogá-lo no aquário. A atitude rende um pequeno monstro dócil, mas faminto.

Curiosamente, a narrativa que acompanha Miles é muito distinta da agilidade e das tensões enfrentadas por Rich e Daughtery. Em alguns momentos, parecem dois programas completamente diferentes. O que é reforçado pelo fato dos três personagens só se encontrarem nos últimos minutos do último episódio.

Comentei há algumas semanas que Falling Skyes herdava intencionalmente diversos aspectos da filmografia de Steven Spielberg. Não deixa de ser interessante observar como signos do cineasta responsável por Tubarão (1975) são apropriados em Surface também.

Rich é quase uma versão atualizada do personagem de Richard Dreyfuss, em Contatos Imediatos do 3º Grau (1977). Obcecado com imagens circulares depois que viu um dos monstros, ele abandona a família e chega a jogar tudo para o alto quando desce oceano abaixo em um submarino improvisado.

Reprodução
Nimrod, o filhote de monstro que é adotado por um personagem de “Surface”

A relação de Miles com seu perigoso bicho de estimação, por sua vez, lembra muito o modo como Eliott se relacionava com o alienígena de E.T. – O Extraterrestre. Quando um fica doente, o outro também fica. Os momentos de alegria e tristeza são compartilhados do mesmo jeito esquisito que no filme de 1982.

Os quinze episódios estão reunidos em quatro DVDs sob o título mentiroso de “mini-série”. Chegar ao fim de Surface é bem frustrante, pois – sem estragar muitas surpresas – os produtores claramente queriam continuar com o projeto. Além disso, apesar de ser bem envolvente, não há nada no programa que já não tenha sido visto antes. Logo, a fórmula de mistérios desempolgou e a audiência baixa levou ao cancelamento.

De qualquer forma, vale uma conferida.

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