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Ideia da semana – A polidez leva à virtude
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Reprodução/Internet
André Comte-Sponville.

O filósofo francês André Comte-Sponville se tornou uma celebridade nos anos 90 em função de um único lirvo. Seu “Pequeno tratado das grandes virtudes” ganhou elogios mundo afora. Até hoje, embora publique um livro atrás do outro, ele é lembrado antes do resto por esse trabalho.

A ideia era retomar a definição de cada virtude. E mostrar porque cada uma delas é importante para o mundo, para as pessoas. Mas, antes de falar das 17 virtudes que escolheu, Sponville fala de uma que, segundo ele mesmo, nem virtude é. A polidez.

Segundo ele, não é virtude pelo seguinte: um nazista polido continua um canalha. E ponto. Talvez, diz ele, seja ainda pior. Pois mostra que o sujeito não é bárbaro por natureza, por não ter sido “domesticado”. E, sim, é brutal por opção.

Mas a polidez, diz ele, é necessária para que cada um se inicie na ética. Nas virtudes. De algum lugar, na infância, é preciso começar. E a maneira como ele explica é genial.

Uma criança, diz Sponville, não consegue simplesmente distinguir as coisas por critérios morais. O que é moralmente certo do que é moralmente errado. Só deixa de fazer o que machuca aos outros (do que machuca a ela mesma o instinto dá conta) quando um adulto diz para não fazer. “É feio” e ponto.

A criança aprende pela regra imposta, sem en tender por que faz aquilo. Não faz porque mandaram não fazer. Aceita a aparência da virtude, sem ser virtuosa ainda. Faz o movimento externo, sem ter aquilo ainda em si.

É essa a virtude da polidez. De nos levar a fazer, pelo menos enquanto não estamos prontos para fazer por escolha, a coisa certa.

E de tanto repetir aquela escolha, nos adaptamos a ela. E o que era mecânico, depois do hábito e da reflexão, já mais tarde, vira virtude.

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