• Carregando...
Ideia da semana – Quem ama não precisa ter virtudes
| Foto:
Reprodução/Internet
Sponville: uma virtude acima das virtudes.

Há duas semanas, pus aqui um post sobre André Comte-Sponville, um filósofo francês que ficou famoso com seu “Pequeno tratado sobre as grandes virtudes”. A polidez, dizia o post, ainda não era uma virtude, para Sponville, mas precedia a todas elas. Era uma quase-virtude.

Depois do capítulo inicial sobre a polidez, ele trata uma a uma 16 virtudes. Passa pelas quatro que os antigos já classificavam como cardeais (justiça, fortaleza, prudência e moderação), passa por algumas que são bem menos usuais na filosofia, como o humor. E chega ao final falando de algo que já não é uma virtude. Está acima disso. Está falando do amor.

Segundo Sponville, há três tipos de amor. O primeiro é aquele que se pode chamar de Eros. É definido basicamente pela falta que algo faz a você. Vamos supor um casal em começo de namoro, se é que me entendem. O amor que sentem é real. Um faz falta ao outro. É o amor erótico – mas que não precisa ser só sexual, por definição.

O segundo tipo de amor é o que se chama de Filos. É o amor que pode não ser notado pela dor da ausência. Pelo contrário. Sponville usa a definição de Spinoza: é o amor que se caracteriza pela felicidade que se sente pela ideia de que alguém, ou algo, existe. Se alguém disser que a tua existência deixa ele (ou ela) feliz, Sponville diz que há duas razões para isso te lisonjear: a primeira é óbvia; a segunda, diz ele, é que não se é elogiado por uma definição spinozista todo dia.

A terceira forma de amor é o Ágape (alguém aí pensou no padre Marcelo Rossi?). É o amor que não se dirige a alguém em específico. É o amor por todos, pela humanidade e por cada um. É o que no cristianismo se chama caridade. E é o amor último, que faz com que a gente queira fazer tudo certo.

Segundo Sponville, e essa é a ideia, afinal de contas, se a polidez não é ainda uma virtude, o amor já não é mais assunto para ética. Se você tem isso, não precisa se preocupar com decisões éticas. Vai ser sempre levado a fazer a coisa certa.
Você acredita nisso?

Siga o blog no Twitter.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]