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Livro da semana – “Blink”
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Divulgação
Malcolm Gladwell: autor de “Blink”.

“Blink” é um livro sensacional. Claro, você pode não gostar. E, se tentar levar a sério demais, provavelmente vai se decepcionar. Malcolm Gladwell, o autor, é um sujeito incrível. Mas às vezes é desprezado pelos cientistas simplesmente por não ser rigoroso demais. Acho que estão entendendo o livro de maneira errada quando fazem isso.

Primeiro, vamos ao assunto: “Blink” tenta entender como é que nós reagimos de maneira aparentemente incompreensível a certas coisas após um tempo extremamente curto de exposição a fatos ou imagens. Quer entender um pouco mais da nossa intuição, em certo sentido.

Gladwell é um jornalista, mais do que um cientista. Não segue métodos rigorosos de pesquisa. Apenas tenta ter insights a partir de dados, informações e de conhecimento do mundo. Em nenhum momento ele diz ser um novo Newton ou Freud, é bom deixar claro. É apenas um sujeito tentando descobrir coisas sobre o mundo.

Por exemplo: Gladwell começa o livro falando de uma estátua que está sendo comprada por um museu. Teoricamente é uma bela aquisição. Tudo indica que se trata de um original grego da Antiguidade. E, no entanto, vários especialistas, ao olhar a estátua, imediatamente dizem que a compra não deveria ser realizada. Uma conhecedora de obras do período, ao olhar para a peça e saber que o museu vai comprá-la, em fração de segundo responde: “Que pena”…

O curioso é que as pessoas não sabem dizer por que elas reagiram assim. Do mesmo modo com um especialista em tênis não sabe dizer como, mas “prediz”, no momento em que o sacador joga a bolinha para cima, que ele vai acertar a bola na rede. E outros exemplos ainda mais curiosos.

Como o caso da sala de aula. Pesquisadores queriam saber quanto tempo um aluno leva para “decidir” se gosta ou não de um professor. Um semestre? Nada. Puseram trechos de fitas de sala de aula e em segundos os alunos, mesmo sem o som da aula, apenas com as imagens, conseguiam adivinhar qual nota aquele professor receberia de seus estudantes depois de ministrar toda a disciplina.

Admita: você ficou curioso. E esse é o papel de Gladwell. Um contador de histórias, mas que tenta por meio delas tirar algumas conclusões sobre como você, ele, eu e o mundo funcionamos. É como se fosse um observador inteligente que usasse uma bela lupa em cima de dados conhecidos.

Não um cientista, mas um belo observador.
“Blink” faz parte de uma série de livros que vêm tentando ganhar o público convencional, não especializado em ciência, por meio de fatos curiosos e análises leves. Mais ou menos como no caso do fantástico “Freakonomics”. Gladwell faz isso com uma beleza extraordinária.

Colaborador da “New Yorker”, se transformou em astro pop com seus outros livros também.
Do modesto ponto de vista desse blog, merecidamente.

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