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Livro da semana – O chefão
| Foto:
Evan Kafka/Wikimedia Commons
Mario Puzo em 1966.

Este ano que começa terá as comemorações de um dos maiores clássicos da história do cinema. “O Poderoso Chefão”, de Francis Ford Coppola, fará 40 anos. O blog é fã do filme. E vai ter bastante coisa por aqui, ao longo do ano, sobre Coppola, Marlon Brando e companhia. Mas hoje é dia de falar do livro que deu origem, literalmente, à série.

O próprio Coppola, quando foi fazer o filme, fez questão de colocar, antes do título, o nome do autor. Isso mesmo: vá ver os créditos iniciais. O que aparece na tela não é apenas “The Godfather”. E, sim, “Mario Puzo´s The Godfather”. Se fosse levar bem a sério, o nome dele estaria no título do filme…

Coppola fez isso primeiro porque sempre honrou os autores em que se baseou (o mesmo ocorreu com Bram Stoker, em “Drácula” e com John Grisham, em “O homem que fazia chover”), por exemplo. Mas também porque o filme, em grande medida, é quase que o livro colocado na tela. É raro achar um diálogo que não esteja no livro. Ou uma história. Ou um personagem. A fidelidade é quase absoluta.

No entanto, os dois (filme e livro) são bem diferentes. Como pode ser? A diferença, claro, está no estilo. O filme foi feito por um diretor jovem mas tremendamente talentoso. Tinha um estúdio gigante por trás, um gênio da fotografia (Gordon Willis) e um elenco fabuloso. Tudo para dar certo.

O livro teve uma história bem diferente. Puzo já era um romancista, mas de pouco renome. Estava endividado até o pescoço no fim dos anos 60 (devia mais de US$ 20 mil, segundo ele mesmo). Não sabia nada sobre a máfia. E só aceitou fazer o livro poeque recebeu um adiantamento de US$ 5 mil.

O fim da história foi feliz. O livro estourou, com 21 milhões de cópias vendidas, foi traduzido em todo lado e, claro, virou filme. No final das contas, Puzo virou milionário. Mas ficou com um arrependimento. Dizia sempre, pelo que se conta, que queria “ter escrito o livro melhor”…

Na verdade, em estilo, graça e coisas do gênero, não há comparação. O filme é imensamente superior. Mas em invenção, o romance não sai devendo nada: estava tudo lá, afinal de contas.

A história, como se sabe, é de uma família de americanos descendentes de sicilianos que comanda parte do crime organizado em Nova Iorque. Até que, no início dos anos 50, as outras famílias decidem apostar nas drogas. Dom Corleone, que foi interpretado por Brando, se recusa a entrar no jogo. E vira alvo dos outros mafiosos por isso.

O livro conta a história da vingança que seu filho mais novo trama para vingar o pai, como ele é obrigado, depois disso, a viver escondido na Sicília, e como ele volta para se tornar o sucessor do “chefão”.

Puzo, no entanto, perde tempo com algumas coisas que o próprio Coppola fez questão de cortar (e de falar sobre o assunto em voz alta). Como a história de uma mulher que quer dinheiro para uma cirurgia genital que, convenhamos, tem bem pouco a ver com o resto da trama.

Sem saber, e por caminho meio torto, Puzo criou um clássico. Seus outros livros nunca repetiriam o sucesso, mas ele se tornou um autor muitíssimo lido, bastante respeitado e, oras, pagou as contas. Não bastasse tudo isso, deu origem a um dos melhores filmes do século 20. Mas isso é assunto para outro post.

Serviço:
O chefão. Mario Puzo. O livro, ao contrário do que eu tinha escrito aqui antes, está em catálogo no Brasil, sim! (Valeu pelo comentário, Alexandre.)

A tradução de Carlos Nayder está disponível pela Best Bolso. Custa R$ 19,90

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